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Exportações de carne bovina superam a marca de US$ 2 bilhões


As expectativas se confirmaram e o Brasil já é, pelo segundo ano consecutivo, o principal exportador de carne bovina do mundo. Dados relativos ao período entre janeiro e outubro deste ano indicam que o setor remeteu ao exterior 1,5 milhão de toneladas de carne bovina (pelo conceito “equivalente-carcaça”, que envolve carne in natura e industrializada), gerando US$ 2,021 bilhões em divisas.

Nos primeiros dez meses de 2003, o Brasil exportou 1 milhão de toneladas de carne bovina, com faturamento de US$ 1,194 bilhão. No início de 2004, o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, projetou que em todo o ano de 2004 o país exportaria 1,5 milhão de toneladas de carne bovina, obtendo faturamento de US$ 2 bilhões. “Esse resultado já foi alcançado nos dez primeiros meses do ano”, diz Nogueira.

“Certamente havia espaço para o Brasil crescer no mercado internacional da carne bovina”, diz Nogueira, argumentando que a partir de agora novos crescimentos das exportações de carnes dependem muito de ajustes no mercado interno, ou seja, da melhor remuneração ao produtor. Pesquisa realizada pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) mostra que ao mesmo tempo em que houve aumento de faturamento e de volumes exportados, o preço pago pelo boi gordo ao pecuarista não pára de cair no mercado interno. A análise considera a situação de nove Estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP), nos quais estão 78% do rebanho nacional, de 190 milhões de cabeças.

O estudo da CNA e Cepea/USP prova que entre janeiro e outubro o preço do boi caiu 2,13%, enquanto que os custos de produção (medidos pelo conceito de Custos Operacionais Totais - COT) subiram 9,04% no período. “Os custos totais da pecuária de corte devem subir mais de 10% este ano. Seria preciso que o preço do boi recuperasse pelo menos essa perda para manter as margens do pecuarista”, argumenta Nogueira. De janeiro a outubro, por exemplo, os preços da suplementação mineral subiram 12,26%. E a suplementação mineral representa nada menos que 15% dos custos da pecuária de corte.

Na prática, o produtor recebeu menos na hora de vender o boi gordo, embora tenha gastado mais recursos para manter o rebanho. “Isso desestimula o produtor, que começa até mesmo a abater matrizes para cumprir seus compromissos, o que pode comprometer o crescimento do rebanho em médio prazo”, explica Nogueira. Para evitar que seja firmado um cenário de desestímulo a investimentos no campo seria necessário haver o repasse, ao mercado interno, dos ganhos obtidos nas exportações.

Nas remessas realizadas ao exterior, o Brasil tem conquistado bons preços nas negociações de carne bovina. O preço médio da carne in natura exportada, considerando o período entre janeiro e outubro deste ano, foi de US$ 2.141 por tonelada; 19% a mais que o preço médio de US$ 1.797 por tonelada verificado nos dez primeiros meses do ano passado. O preço médio da carne industrializada foi de US$ 2.178 por tonelada, este ano; frente US$ 1.939 por tonelada, no ano passado, indicando aumento de 12,28%.

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