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Exportações de soja do Brasil devem cair mais após julho

O arrefecimento das compras da China e uma oferta mais restrita no mercado brasileiro puxam a queda


As exportações de soja do Brasil ainda devem fechar julho com volumes expressivos, e cairão de forma acentuada a partir de agosto, com o arrefecimento das compras da China e uma oferta mais restrita no mercado brasileiro depois de vendas recordes no primeiro semestre, disseram especialistas.

Os embarques totais neste mês provavelmente serão superiores a 3 milhões de t, apontam dados preliminares sobre os embarques nos portos brasileiros, baseados na movimentação dos navios.

Apesar desse volume representar apenas cerca da metade das exportações recordes de junho, de mais de 6 milhões de toneladas, estaria bem acima da média mensal prevista para 2009, de pouco mais de 2 milhões de t.

"O Brasil exportou muito para a China. Para agosto e setembro, a China não tem tanta necessidade de importar", disse o analista da Agroconsult, Douglas Nakazone, comentando que nos próximos meses a demanda do maior importador mundial tende a ficar menos agressiva, com a proximidade de sua colheita em outubro.

Após exportar 19,2 milhões de t no primeiro semestre, 5,5 milhões a mais em relação ao mesmo período de 2008, e considerando ao menos 3 milhões de t de exportação em julho, o Brasil teria disponibilidade para exportar apenas 600 mil t ao mês até o final do ano, mesmo levando-se em conta as previsões de que o País embarcará um recorde em 2009, de aproximadamente 25 milhões de t.

Isso mostra também como a oferta vai ficando mais escassa antes do que o normal no mercado brasileiro, em um ano em que o Brasil, segundo exportador mundial, acabou ocupando uma parcela adicional do mercado internacional de soja deixada pela Argentina, cuja safra 2008/09 foi seriamente afetada pela seca.

As vendas também se aceleraram bastante no primeiro semestre porque as cotações e o câmbio, em muitos momentos, estiveram favoráveis para exportações.

Agora, além de já não haver no Brasil tanta soja disponível para exportar, as cotações e o câmbio não estão tão empolgantes como anteriormente - o dólar está sendo negociado abaixo de R$ 1,90, menor nível desde setembro de 2008. Os poucos negócios fechados na última semana confirmam a expectativa por menores embarques nos próximos meses.

"A semana foi muito calma, as oscilações na bolsa de Chicago, a queda na taxa de câmbio... Estamos com uma liquidez muito baixa, especialmente por causa do câmbio", disse Lucílio Alves, analista do Cepea, da Universidade de São Paulo.

O governo brasileiro deve divulgar os números das exportações de soja e derivados, em julho, na próxima segunda-feira (03-08).

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