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Exportações são a esperança para produtores de etanol nos EUA

Excesso de produção e queda na demanda das exportações estão derrubando os preços


Um excesso de produção de etanol (álcool) nos Estados Unidos e uma queda na demanda das exportações estão derrubando os preços do biocombustível à base de milho — boa parte do qual é importada pelo Brasil —, reduzindo os lucros dos produtores e causando o fechamento de algumas usinas americanas.

Os estoques de etanol nos Estados Unidos aumentaram muito no final do ano passado, quando os produtores correram para aproveitar um subsídio governamental que expirou em 31 de dezembro. Por volta da mesma época, as exportações começaram a cair, assim como a demanda interna de gasolina, com a qual se mistura o etanol. Os futuros para o biocombustível estão 11,6% abaixo do nível de um ano antes, tendo fechado em US$ 2,215 por galão (3,8 litros) na Câmara de Comércio de Chicago, na sexta-feira.

A fraqueza do mercado deve reduzir os lucros dos fabricantes de etanol, como Archer Daniels Midland Co. (ADM) e a empresa de capital fechado POET LLC. Alguns produtores estão colocando o pé no freio, como a Green Plains Renewable Energy Inc. (GPRE), que anunciou na semana passada que vai reduzir a produção em 30% em duas de suas nove usinas e estudar outros cortes.

"Há um problema de excesso de capacidade", diz Min Tang-Varner, analista da Morningstar. "É preciso que umas duas grandes usinas fechem para fazer alguma diferença."

Com o apetite pelo etanol enfraquecendo nos EUA, a demanda no exterior será um fator importante para escoar o excesso, disse Don Roose, presidente da U.S. Commodities, uma corretora do Estado americano de Iowa que presta consultoria a usinas de etanol.

As exportações de etanol dos EUA atingiram um recorde de 1,2 bilhão de galões em 2011, mais que o triplo das exportações de 2010, que totalizaram 396 milhões de galões, segundo a Associação de Combustíveis Renováveis.

O mercado de exportação pode, porém, estar perdendo o impulso. As estatísticas oficiais de janeiro ainda não estão disponíveis, mas, nas últimas semanas, a ADM, a Green Plains e a Associação de Combustíveis Renováveis todas disseram que em 2012 as exportações devem cair pela metade. Uma razão é que o real brasileiro mais fraco dá menos poder de compra aos importadores. Cerca de 40% de todas as exportações de etanol dos EUA no ano passado foram para o Brasil.

Os EUA têm uma capacidade de produção de etanol de 14,8 bilhões de galões por ano, segundo a Associação de Combustíveis Renováveis. Na semana passada, vários produtores anunciaram cortes na produção que totalizavam 101 milhões de galões por ano.

Os produtores de etanol dizem que o excesso de oferta é um problema temporário e que a indústria vai consumi-lo nos próximos meses. Mesmo assim, voltar tão cedo aos níveis normais de abastecimento exigirá uma recuperação na demanda de exportações combinada com um salto sazonal no uso doméstico da gasolina, disse Sander Cohen, analista da consultora de energia ESAI Inc.

"É mais provável que o excesso continue do que desapareça", disse Cohen.

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