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Fábrica de tratores deve se instalar em Goiás

Anápolis pode vir a receber mais uma indústria coreana


Anápolis pode vir a receber mais uma indústria coreana. Em missão à Ásia, o secretário estadual da Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, liderando uma comitiva de empresários goianos ao lado do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Pedro Alves, esteve presente às instalações da Daedong Industrial Co., maior fabricante de tratores da Coréia do Sul. De olho no mercado interno brasileiro, a multinacional considera Goiás um dos estados de ponta no que diz respeito às vantagens de instalação. E Anápolis, por seu potencial no setor de logística, é o município que desponta como favorito para receber a unidade fabril asiática.


De acordo com informações divulgadas pela Secretaria Estadual de Indústria e Comércio (SIC), a avaliação feita pelo executivo da área internacional da Daedong, Kenny Yoon, é de que o potencial do mercado brasileiro, calculado em uma capacidade para uma produção de 100 mil veículos por ano, aliado à política fiscal do Governo Federal para o setor - que tende a dificultar as importações - é fator determinante na decisão da empresa de instalar uma planta fabril no país. “A empresa coreana entende que após o regime automotivo do plano Brasil Maior ficou inviável exportar seus produtos para o Brasil. Então, o melhor será investir para ter a sua unidade industrial local e não sofrer o impacto do aumento do IPI de 30 pontos percentuais”, observa o secretário Alexandre Baldy.

Os diretores da Daedong ressaltaram que Goiás foi o estado brasileiro que apresentou os incentivos mais arrojados para a instalação da empresa. De acordo com o economista Joaquim Andrade, um fator que também deve estar pesando para a manifestação da preferência da Daedong por Goiás é o fato de o estado ser também uma das mais dinâmicas áreas de desenvolvimento e evolução do agronegócio brasileiro, considerado o mais bem-sucedido do mundo. “Além do incentivo, seria um atrativo a mais, porque, diferentemente do que acontece com a maior parte dos segmentos industriais, Goiás e os estados vizinhos são o principal mercado consumidor desse segmento de equipamentos destinados ao campo”, ressalta.

Os investimentos da instalação da unidade brasileira da Daedong no Brasil são estimados em R$ 100 milhões, com expectativa de geração de 500 empregos diretos. Foram feitos proveitosos contatos com vários segmentos empresariais goianos, com expectativas de que as indústrias ancilares (plantas fabris que se instalam na mesma área para suprir a indústria principal com complementos no processo produtivo) sejam goianas em sua maior parte. “Esse dado é relevante, porque Goiás teria condições de promover o que nós economistas chamamos de efeitos de arrasto, ou seja, a possibilidade de que as técnicas mais modernas de produção da multinacional sejam reproduzidas pelas empresas locais, com a chamada absorção do progresso técnico”, salienta Joaquim Andrade.

Uma das comprovações de que as indústrias ancilares goianas podem ter um papel relevante na cadeia produtiva da fabricação de tratores pela Daedong é a confirmação, pela própria multinacional, de que o produto final vai ter 60% de conteúdo nacional. Isso significa uma diminuição relevante no quantum de importações necessárias para completar o ciclo produtivo do veículo, o que diminui a necessidade de geração de divisas em moeda forte para fazer frente a essa necessidade de compras externas. “Isso é importante, porque diminui a dependência do desempenho cambial brasileiro, e é ainda mais importante nesse contexto de desvalorização do real face ao dólar norte-americano, que é a unidade monetária internacional do nosso comércio exterior com a Ásia”, afirma Andrade.

Uma missão formada por diretores da Daedong está marcada para outubro. De acordo com Baldy, Anápolis é a cidade goiana que sai na frente entre aquelas que se destinam a receber a unidade fabril asiática. A infraestrutura instalada do município, além da vocação logística, são os pontos favoráveis determinantes. “Tudo indica que pelo ganho em logística e a infraestrutura necessária, além da mão de obra, Anápolis desponta como principal cidade”, afirma Baldy.


Sobre a possível competição com outros municípios goianos, Andrade explica que, ainda que outras cidades se situem em plena área de atuação dos atores do agronegócio goiano, Anápolis tem vantagens estruturais. “A cidade reúne todas as condições para a instalação de uma indústria desse porte”, ressalta. Ele destaca o fato de o município abrigar o maior distrito industrial (Daia) e a maior estação aduaneira (Porto Seco) da região Centro-Oeste. Para o economista, grandes plantas industriais do setor de transformação consideram, em suas estratégias locativas, que um dos fatores mais importantes é a quantidade de vetores logísticos de que o local dispõe. Por estar situado em uma área de cruzamento de rodovias, tanto da rede federal quanto da estadual, o município pode oferecer um potencial de fluxo mais dinâmico e a menor preço para os principais mercados consumidores. “Essas são vantagens contra as quais é difícil que qualquer outro município, não só em Goiás, mas em toda a região Centro-Oeste, faça frente”, avalia Andrade.

Hyundai-kia
Outra possibilidade considerada relevante para o futuro da economia goiana foi a visita realizada pela comitiva empresarial de Goiás ao Departamento de Pesquisas da Hyundai-Kia. Na oportunidade, os empresários goianos conheceram as etapas de desenvolvimento de tecnologia da montadora sul-coreana. Os representantes da multinacional asiática se mostraram entusiasmado com a possibilidade de desenvolverem joint ventures com a comunidade empresarial goiana. A possibilidade pode abrir para Goiás parceria estratégica em um setor vital para que o estado possa avançar em seu processo de industrialização.

O fato de esse tipo de aproximação estar acontecendo com empresas asiáticas traz perspectivas animadoras para o setor de transformação industrial em Goiás. “Não é novidade para ninguém que o capitalismo que vai dominar todo o século XXI vai acontecer na Ásia, mais especificamente no Sudoeste Asiático”, diz o economista. Andrade pontua que as economias dessa região estão agora se preparando para uma nova onda de protecionismo das que estão em desenvolvimento, como reação às crises cíclicas dos países industrializados do ocidente.

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