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Falta dágua ameaça lavouras baianas

Produtores de Juazeiro estão perdendo as plantações e sendo obrigados a vender animais devido à falta de água


Produtores rurais de povoados do distrito de Salitre, região de Juazeiro (a 500 km de Salvador), estão perdendo as plantações e sendo obrigados a vender animais devido à falta de água. O contrato que existe há cinco anos com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) foi, segundo os produtores, descumprido depois que a empresa decidiu fazer a manutenção do canal do Salitre fora do período chuvoso.

"Estamos sem água desde o dia 17 de julho, e a Codevasf só vai terminar a manutenção no dia 17. Os agricultores familiares deixaram de plantar, venderam caprinos e estão sem água até para o uso em suas casas", afirma Edgard Ferreira dos Santos, gerente administrativo da União das Associações do Vale do Salitre (Uavs).

Segundo ele, os 312 produtores associados à Uavs são responsáveis pelo plantio irrigado em 98 hectares do Salitre, com possibilidade prevista em contrato de atingir a marca de 151 hectares. Mas a interrupção no fornecimento de água, que já compromete as lavouras de cebola, melão e tomate, pode cancelar a expansão do projeto. Os prejuízos, segundo os produtores, podem chegar a R$ 40 mil.

No desespero de não ver as plantações morrerem, pequenos agricultores, como Juraci Ferreira de Lima, 54, estão cavando a terra do Rio Salitre na altura do povoado de Campo dos Cavalos, "porque assim a água pode minar e ser canalizada para as áreas de plantio".

Sem ter como transplantar a cebola cultivada em um hectare de sementeira, o agricultor de Campo dos Cavalos Valter Carlos Ribeiro do Nascimento, 26, diz que já perdeu a chance de ganhar R$ 40 mil com a venda da hortaliça, cuja saca de 20 kg é cotada a R$ 35. Pelo contrato assinado com a Codevasf, cada produtor paga a quantia de R$ 30 por hectare irrigado. De acordo com os produtores, desde que a adutora do Salitrinho foi construída, não houve problemas quanto à água.

MULTA - "Procuramos a Justiça para pedir providências, e o juiz notificou a Codevasf estipulando multa de R$ 10 mil ao dia caso o contrato não fosse cumprido", assegura Santos, da Uavs. Três reuniões já foram realizadas com a empresa, mas os produtores garantem que nada mudou.

A superintendente da Codevasf, Ana Angélica Almeida Lima, diz que o fornecimento de água foi prejudicado pela ação do MST, que ocupou áreas da Codevasf durante mais de um ano. Os invasores, segundo Ana Angélica, utilizavam a água que deveria chegar até o Salitre.

"Alguns produtores, sentindose prejudicados, se instalaram próximo à área que foi desocupada.

Precisamos encontrar uma forma consensual para resolver o problema", detalha Ana Angélica. A Codevasf sugeriu aos agricultores uma escala de uso da água para que as lavouras não fiquem sem água.

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