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Falta de chuva em Santa Catarina causa perda de R$ 100 milhões no campo


A perspectiva de colher uma safra de 7 milhões de toneladas de grãos - arroz, feijão, milho, soja e trigo - está cada vez mais distantes por causa da escassez de chuva no Oeste. As perdas, até agora, superam os R$ 100 milhões, segundo estimativas de cooperativas, entidades rurais e unidades locais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri).

A cultura mais prejudicada até o momento é a soja, cujas perdas poderão alcançar 10%. Isso significa que os agricultores catarinenses poderão colher 85 mil toneladas a menos, um prejuízo que, baseado nas atuais cotações de mercado do grão, pode ultrapassar R$ 60 milhões. "Essas perdas podem aumentar ainda mais se não voltar a chover nos próximos dias", alerta o diretor da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri.

Previsões negativas também para o milho. Em alguns municípios, como Belmonte, Campos Novos e São Lourenço do Oeste, as perdas superam 30%. "Os prejuízos, mais detalhados, só deverão ser sentidos depois de o término definitivo da colheita, o que deve ocorrer dentro de pouco mais de uma semana." O analista de grãos do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), Simão Brugnago, avalia que quem plantou cedo já está colhendo e colhendo bem. Mas quem deixou para mais tarde tende a ter problemas.

Problemas climáticos verificados no Paraná e no Mato Grosso do Sul farão com que Santa Catarina tenha dificuldades para comprar o grão desses dois estados. Esse importante fator é a grande esperança que o produtor catarinense tem de vender a colheita a preços maiores. Ontem, o produto estava sendo comercializado a R$ 16,00 em Chapecó.

Situação semelhante pode ocorrer com a soja. Vendida hoje a R$44, a oleaginosa promete estabilizar o preço se de fato se confirmarem algumas tendências em nível nacional. Entidades ligadas à agricultura já trabalham com uma quebra de três milhões de toneladas na safra brasileira. Sob estas condições, o grão continua animando os produtores rurais catarinenses que, apesar da estiagem, ainda esperam colher mais de 70 sacos por hectare nos locais onde a falta de chuva foi menor.

Perdas

O pequeno município de São Lourenço do Oeste é um dos mais afetados no Estado com a estiagem. Nos distritos de Presidente Juscelino e São Roque os moradores estão sem ver chuva forte há quase dois meses. O secretário municipal de Agricultura, Natalino Woloszyn, disse ontem que a Prefeitura deve decretar situação de emergência nas próximas horas. Segundo ele, um levantamento prévio no campo aponta perdas de até 35% nos 13 mil hectares de milho que estão sendo cultivados. Na soja, as perdas somariam 10%.

"Em algumas propriedades falta água até para as aves e suínos. A Prefeitura não consegue atender a tantos pedidos de máquinas para abertura de fontes alternativas", relatou Woloszyn.

Temendo pelo prejuízo, os agricultores de São Lourenço do Oeste vêem no decreto de emergência um importante argumento para a negociação de financiamentos efetuados junto aos bancos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, dificilmente haverá dinheiro disponível para quitar os débitos dentro do prazo estabelecido.

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