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Falta de crédito será o novo complicador para safra mato-grossense

Diante de mais um cenário considerado nada animador pelo segmento, o diretor administrativo da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, traça um cenário de incertezas para a próxima safra


“O produtor vai começar a plantar já devendo e com a preocupação de fazer caixa para pagar as prestações. Acredito que esta será uma das safras mais tensas dos últimos anos em função dos problemas relacionados ao endividamento e aos custos da produção motivados principalmente pelos altos preços dos fertilizantes nos últimos meses. A falta de crédito, ante todos estes problemas, é apenas um fator a mais de complicação”, declarou, ao Diário de Cuiabá.

Ele diz que as perspectivas realmente não são nada boas para esta safra, “pois já se fala em utilização menor de tecnologia nas lavouras, o que deverá implicar em uma redução na produtividade”.

Tomczyk informou que além das dificuldades para pagamento das parcelas com os bancos, os agricultores conseguiram renegociar “alguma coisa” em condições que dificultam o pagamento.

Segundo ele, já existem ações na Justiça de fornecedores contra produtores, “conseqüência da não operacionalização do FRA” (Fundo de Recebíveis do Agronegócio), criado para enquadrar o endividamento com fornecedores. “Entretanto, nenhuma operação foi finalizada até agora. Por enquanto [o FRA] é apenas uma solução virtual. Existe no papel, mas não sai para o campo prático”.

Enquanto o governo federal não encontra uma saída, ele observa “uma absurda concentração da produção nas mãos de poucos”.

Segundo Tomczyk, 20% da produção de grãos em Mato Grosso estão nas mãos de poucos produtores, aqueles que têm condições de plantar em escalas que atraem os investidores, detentores de crédito. “Se a situação continuar do jeito que está, a produção vai ficar concentrada nas mãos de poucos. E a grade maioria [dos produtores], como vai ficar?”

O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, reconhece a necessidade de o Brasil produzir alimentos. “Mato Grosso é altamente eficiente na produção. O cenário futuro à produção de grãos e favorável, como já se revelou neste ano, mas não dá para plantar com a faca no pescoço, é preciso trazer para prática ações que reconduzam a atividade à rentabilidade”.

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