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Falta de incentivos exclui pequenos da produção de cana

A falta de incentivos aos pequenos produtores dificulta a inserção desse grupo no mercado de biocombustíveis


A falta de uma política de incentivos aos pequenos e médios produtores de cana-de-açúcar para a instalação de miniusinas de etanol dificulta a inserção desse grupo no cenário de oportunidades abertas pelos biocombustíveis. A avaliação é do presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Edison José Ustulin, que tratará do tema no Seminário de Fomento a Micro Produtores de Etanol e Biodiesel, um dos cinco eventos simultâneos da 2ª Enerbio a ser realizada entre os dias 9 e 11 de outubro, no centro de Convenções Brasil XXI, em Brasília.

“Existe uma diferença grande entre produzir matéria-prima e processá-la por meio da agroindústria. As agroindústrias agregam receita, é como criar suíno e ter um frigorífico próprio”, compara ao ressaltar a necessidade de convergência de ações para a venda do produto pronto.

Conforme dados da CNA, há cerca de 50 mil produtores independentes de cana (fornecedores para as usinas) os quais respondem por cerca de 22% da produção nacional. Desse universo, 70% são pequenos e médios produtores. Além deles, entre outros beneficiados com o sistema defendido pela CNA estariam agricultores que se valem da atividade, especialmente em caráter familiar. “A idéia é ter ganho de renda com oportunidade de reinvestir”, frisa Ustulin.

De acordo com o presidente da comissão, as usinas de menor porte produziriam até 60 mil litros diários de álcool. A CNA quer empreender esforços para implantar mais de mil dessas unidades dentro de uma década. Segundo Ustulin, a expansão pretendida depende de incentivos como isenções tributárias, prazos de financiamento e linhas de crédito específicas, tanto para a produção quanto para a aquisição de tecnologias que permitam às usinas um rendimento igual às grandes destilarias, fazendo com que seu balanço energético seja positivo.

Reforma agrária - Essa ampliação é tida pelo presidente da comissão como motor impulsionador de economias locais, contribuindo para a geração de emprego e renda em todas as regiões do País. “As unidades industriais podem ser usadas nos assentamentos de reforma agrária, por cooperativas, associações, ou outras formas de organização”, sugere. O aumento da produção com melhor distribuição de logística de transporte, de escoamento e a ampliação das exportações são outros resultados positivos mencionados.

A CNA estuda, juntamente com o governo federal, uma legislação para permitir aos produtores a venda direta de álcool ao mercado local, a exemplo de postos de abastecimento e prefeituras. Outro ponto defendido pela entidade é a união entre a produção nas miniusinas e a fabricação de biodiesel. “Havendo uma usina anexa ou próxima, pode-se utilizar o etanol para produção de biodiesel, no processo de esterificação”, explica Ustulin, ao fazer referência a uma das formas alternativas para obtenção de biodiesel com uso do etanol.

Alimento - Para ele, não existe choque entre a produção de biocombustíveis e a produção de alimentos, já que um setor depende do outro, na medida em que não se consegue produzir alimentos se não houver energia e a energia cara inviabiliza a produção de alimentos.

Aproveitar as oportunidades crescentes oferecidas pelo setor requer preparo, tanto dos pequenos produtores quanto de trabalhadores envolvidos, segundo o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar. “A CNA, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e dos departamentos técnicos, realiza o trabalho de qualificação e requalificação, com cursos, palestras, entre outras ferramentas, teóricas e práticas”, afirma, ao destacar que a mão-de-obra precisa ser aproveitada da melhor maneira possível, “formalizada, com segurança, assistência e sempre baseada em conhecimentos aprimorados”.

Este cenário será traçado por Edison José Ustulin na apresentação que fará na terça-feira (9/10) sobre “O Papel das Pequenas Usinas de Álcool na Sociedade”, que integra o Seminário de Fomento a Micro Produtores de Etanol e Biodiesel, parte da programação da 2ª Enerbio, da qual também fazem parte a 2ª Conferência Internacional de Energia, a Conferência Internacional dos Biocombustíveis e uma série de seminários, fóruns, exposição e encontros complementares, com foco na agroenergia e nos biocombustíveis. As informações são da assessoria de imprensa da CNA.

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