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Falta de infra-estrutura prejudica sojicultores do MT

A dificuldade de escoamento da safra acaba afetando os lucros dos produtores


A rentabilidade das lavouras mato-grossenses está comprometida pela falta de infra-estrutura. A dificuldade de escoamento da safra acaba afetando os lucros dos produtores.

A quantidade de soja é grande e a pressa também. É preciso aproveitar a ajuda que o clima deu, com a diminuição das chuvas. Numa área 15% menor que no ano passado, os produtores estão estendendo a jornada para colher 11% a mais. A super safra de soja obriga os maiores produtores a colocar todas as colheitadeiras na lavoura e torcer para o tempo continuar firme. Quando isso acontece, os operadores das máquinas já sabem: vão chegar em casa mais tarde do que o normal.

Em Sapezal, a 480 quilômetros de Cuiabá, a frota com 45 colheitadeiras ilumina uma das fazendas da cidade. É necessária força máxima da porteira pra dentro, pra compensar uma grande desvantagem do lado de fora: o custo do transporte até os portos, considerado mais caro do mundo.

O frete representa 45% do custo final da soja produzida em Mato Grosso. No Paraná, o índice cai para quase metade, 24%. Produtores norte-americanos pagam ainda menos: apenas 19%.

Para o analista Seneri Paludo, além da distância de 2,5 mil quilômetros dos portos, a falta de opções de transporte encarece a produção que deixa as fazendas de Mato Grosso. "O modal norte-americano é baseado na hidrovia que, acima de 800, de mil quilômetros, se torna muito mais barato, enquanto o brasileiro ainda é baseado totalmente em cima de rodovia, que é o modal mais caro que se tem para longas distâncias", explicou.

E as rodovias não estão em boas condições. Pistas antigas e esburacadas elevam os gastos com a manutenção dos caminhões. Mais uma conta para o bolso dos produtores que, ao contrário dos concorrentes, vêem os lucros se perderem pela estrada.

"Os custos de frete jogam a nossa rentabilidade para baixo. A previsão é de 18% de lucro, contra 39% no Paraná e 40% nos Estados Unidos. Eu considero que nós vivemos no Centro-Oeste um apagão logístico", disse Rui Prado, presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Soja.

A sensação é a mesma para pequenos produtores, caso de Valdecir Lanzarin, que planta soja a 2,3 mil quilômetros do porto de Paranaguá. "Vai se distanciando, vai indo um pouquinho, vai indo, e quando vê, vai tudo. A gente fica com pouca coisa aqui, né?", lamentou.

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