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Falta de terras não atrapalha agricultura

É a falta de crédito agrícola, não de terras para o plantio, que limita a produção de alimentos no Brasil


DE BRASÍLIA - É a falta de crédito agrícola, não de terras para o plantio, que limita a produção de alimentos no Brasil.

A conclusão é de um novo estudo de pesquisadores da USP, da Unicamp e do Inpe, que usa dados do IBGE e das Nações Unidas para afirmar que não é o Código Florestal que impede que o brasileiro tenha mais comida na mesa.

A pesquisa, publicada no periódico brasileiro "Biota Neotropica", mostra que a área colhida de feijão e de arroz no país tem caído, de 6 milhões de hectares nos anos 1980 para menos de 5 milhões de hectares em 2007.

Por outro lado, culturas de exportação, como cana e soja, têm crescido de forma acelerada -a última saltou de 10 milhões de hectares em 1985 para quase 25 milhões no começo desta década.

A grande "engolidora" de terras é a pecuária, que ocupa 200 milhões de hectares dos 250 milhões hoje destinados à produção no país.

Os pesquisadores afirmam que, se a produtividade média fosse elevada a 1,5 cabeça por hectare e o desfrute (número de animais que podem ser abatidos num rebanho) subisse dos atuais 22% para 30%, mais 70 milhões de hectares poderiam ser liberados para a produção.

"Só fazer cercas para manejar o gado já aumentaria a produtividade", diz o agrônomo Luiz Martinelli, da USP de Piracicaba, autor principal do estudo. Segundo ele, o trabalho pretende ser uma "resposta técnica" a um artigo escrito por Aldo Rebelo, que afirmava ser a mudança na lei necessária porque os 190 milhões de brasileiros "precisam produzir comida".

"A área para o arroz e o feijão tem diminuído, e não é por causa do código, é por problemas de mercado", diz Martinelli. "A infraestrutura de produção e escoamento é ruim, os pequenos e os médios produtores vivem pendurados nos bancos, há insegurança fundiária." (CA e FO)

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