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Falta matéria-prima para ração animal em SC

O milho, principal insumo, estará mais caro e escasso em 2008 e exigirá de Santa Catarina a importação de pelo menos 2 milhões de toneladas


O milho, principal insumo da cadeia do agronegócio catarinense, estará mais caro e escasso em 2008 e exigirá de Santa Catarina a importação de pelo menos 2 milhões de toneladas, o dobro deste ano, prevê a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc). O vice-presidente da entidade, Enori Barbieri, atribui a redução da oferta do grão à associação de fatores climáticos e econômicos. "A quebra da produção em Santa Catarina deve-se ao fenômeno La Niña, que provocará seca no sul do País", afirma.

O plantio de milho no estado deveria começar este mês e a colheita, em fevereiro. O consumo no estado em 2007 deve chegar a 5 milhões de toneladas. O déficit - calculado em 1,3 milhão de toneladas este ano - será agravado pelo aumento da demanda interna, de acordo com Barbieri. "Há previsão de incremento de 15% da avicultura com a instalação de dois a três mil novos aviários que suprirão as novas plantas industriais em construção", diz.

O setor leiteiro também está em expansão em Santa Catarina e remunerando melhor o produtor que passou a usar mais ração à base de milho para alimentar as vacas. Calcula-se que 70% da ração de aves, bovinos e suínos é à base de milho. Prevê-se, ainda, um crescimento das exportações de carne suína e de aves em razão do status sanitário reconhecido mundialmente pela OIE".

Barbieri diz que os custos da lavoura de milho e a melhor remuneração proporcionada por outras culturas indicam a redução de área plantada de 3% a 5% para próxima safra no estado. "Atualmente, o preparo de um hectare de milho com tecnologia custa R$ 1,2 mil, enquanto a cultura da soja requer R$ 400,00", compara. Barbieri afirma que pesa nesse cálculo os custos dos fertilizantes que nos últimos 12 meses encareceram de 20% a 30%. "Os produtores migrarão para a soja que, além de custos menores, também estará valorizada pelo recuo da produção nos EUA, onde a safra 2007/08 cairá de 84 milhões para 69 milhões de toneladas", afirma.

Em Santa Catarina, o cultivo de 795 mil hectares na safra 2006/07 resultou em 3,7 milhões de toneladas e uma produtividade média de 5 mil quilos por hectare, maior que a média nacional de 4 mil kg/ha, mas menor que a média norte-americana de 9 mil kg/ha.Santa Catarina importará este ano milho do Paraná, do Centro-Oeste e do Paraguai. Com área plantada de 12,6 milhões de hectares, o Brasil colheu neste ano 51 milhões de toneladas, sendo 34 milhões na safra principal e 17 milhões na safrinha. Até o fim do ano, o País consumirá 41 milhões e exportará de 8 a 10 milhões de toneladas.

O engenheiro agrônomo do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola de Santa Catarina, Simão Brugnago Neto, responsável pela área de milho, afirma que o preço ofertado no estado na região produtora de Chapecó (SC) é de R$ 21 a saca, valor 50% superior ao de setembro do ano passado, quando a média foi de R$ 14,00.

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