A indústria brasileira de pneus não está conseguindo atender o crescimento da demanda da Agco do Brasil, determinada principalmente pela maior procura por tratores no mercado externo. Com a deficiência no abastecimento, a fabricante das máquinas agrícolas Massey Ferguson chegou ao ponto de entregar no mês passado cerca de mil tratores sem pneus às concessionárias, obrigando as revendas a buscarem os componentes por conta própria no mercado de reposição. Isso ocorre para vendas no País e também ao exterior.
"Vendemos tratores sem pneus até para os EUA", afirma o diretor de marketing da Agco, Werner Santos, ao lembrar que as mil unidades representaram 18% da produção do mês passado.
O problema, verificado principalmente em maio, só não deve se repetir este mês porque a empresa, com fábrica em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, vai recorrer às importações para atender às necessidades. "Em maio produzimos 1,7 mil tratores, número que devemos repetir agora. Para que possam rodar, são necessários 7 mil pneus, mas conseguimos apenas seis mil no mercado", informa o diretor de marketing.
O aumento da demanda foi motivado pelo aumento das exportações. Os números de vendas no mercado interno em maio são semelhantes ao mesmo mês do ano passado. Em 2003, a empresa projeta chegar a uma produção entre 20 mil e 22 mil unidades. Em 2002, foram produzidos 16 mil tratores.
A Agco importa normalmente apenas 3% dos pneus que utiliza, principalmente dos Estados Unidos e Inglaterra, para tratores que depois serão exportados para os agricultores norte-americanos.
"São pneus cuja bitola não existe no Brasil", diz. No País, os principais fornecedores são Goodyear, Firestone e Pirelli. Os cerca de mil pneus que devem ser importados este mês virão principalmente de uma fábrica da Goodyear na Inglaterra e da Aliance, de Israel. Em 2003, os gastos da Agco com pneus devem somar US$ 16,5 milhões.