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Falta trigo de qualidade no mercado


A oferta de trigo de qualidade - produzido no estado do Paraná - está praticamente esgotada. Segundo estimativas dos próprios moinhos, das 3 milhões de toneladas de trigo superior produzidas no Paraná, mais de 50% já foi comercializada. Com isso, os moinhos estão encontrando dificuldades em comprar o grão "hard" no mercado, apesar da grande safra de 6 milhões de toneladas que estão sendo colhidas no Brasil este ano. "Os preços do trigo de qualidade tendem a subir porque a oferta está mais restrita. Isso acontece apesar da grande oferta brasileira e da Argentina, que vai colher 14 milhões de toneladas", afirma Cézar Tavares, presidente do Moinho Vilma, de Minas Gerais.

Oferta restrita:

Na avaliação de Tavares, existe no Paraná cerca de 1 milhão de toneladas ainda não comercializadas, para uma demanda dos moinhos de 8 milhões de toneladas para grãos superiores. "A concor-rência para o trigo paranaense seria o argentino, mas a qualidade do grão deles está inferior à do Paraná, com exceção de algumas regiões", afirma.

Fonte alternativa:

Apesar de a qualidade do trigo argentino estar muito baixa, os preços com que o grão do vizinho entram no Brasil são muito mais competitivos do que o trigo americano e canadense, que poderiam funcionar como alternativa. Segundo Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico, o trigo argentino chega no porto de Santos (SP) a um preço de US$ 137 por tonelada, enquanto o americano e canadense chegam a um valor de US$ 217. "Com a falta de qualidade na Argentina e a pouca oferta de um produto superior no Brasil, poderíamos comprar dos Estados Unidos e Canadá, mas com as taxas que são aplicadas a esse produto e as vantagens que a argentina têm acabam inviabilizando o processo", explica Pih.

Preços em baixa:

Mesmo com o aparente aumento da demanda por parte das indústrias, as cooperativas de trigo do Paraná ainda não sentiram o reflexo desse movimento nos preços do grão. "O mercado está lento e os preços não estão melhorando. Mesmo as chuvas que caíram no Sul do País podem ter prejudicado ainda mais a qualidade do trigo gaúcho e também argentino", diz Flávio Turra, economista-chefe da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Os negócios com o trigo paranaense estão acontecendo entre R$ 350 e R$ 370 por tonelada. Já no Rio Grande do Sul, os preços de venda estão variando entre R$ 310 e R$ 330 por tonelada. A diferença de preços entre os dois estados é exatamente pela qualidade dos grãos produzidos em cada um.

Mesmo com o aumento da demanda por trigo de qualidade, Turra acredita que o cenário do mercado não é favorável para um aumento de preços. "Não conse-guimos identificar no curto prazo uma recuperação das cotações", afirma Turra.

"A demanda dos moinhos por trigo soft não supera 3 milhões de toneladas. Mas devemos levar em consideração que a procura por trigo hard é de 80% do total", afirma Pih, do Moinho Pacífico. Em sua opinião, como a oferta mundial de trigo está muito alta, os preços do trigo hard no Brasil não devem cair além do patamar atual.

Aumento de custos:

O atual cenário de escassez de trigo de qualidade e falta de alternativas economicamente viáveis fará com que os moinhos tenham que corrigir a qualidade do trigo adquirido com enzimas. A medida fará com que os custos de produção das indústrias sofram um aumento que não estava sendo esperado. "Vamos ter que dar um jeito com o trigo argentino mesmo. Como quem manda é o cliente, vamos corrigir os defeitos com enzimas sem repassar isso para o mercado, ou repassando o mínimo possível, já que o consumidor não está em condições de absorver uma alta nos preços", afirma Pih.

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