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Farinha de trigo recua 26% em cinco meses


Os preços da farinha de trigo no mercado interno já caíram quase 26% nos últimos cinco meses. A retração das cotações do dólar, que caiu 4,68% no mesmo período, e a queda dos preços internacionais do grão são apontados como os principais fatores da queda do produto no mercado interno.

Em outubro do ano passado, mês em que os preços da farinha atingiram seu pico em 2002, os moinhos brasileiros comercializavam a saca de farinha de 50 quilos a R$ 72 no mercado interno. Nas últimas quatro semanas o preço caiu e a saca está sendo vendido a R$ 53. Entre 1º de outubro de 2002 e o último dia 14, o real acumula valorização de 4,68%.

Retaliação ao importado

"Os moinhos estão reduzindo os preços, pois o custo de produção está diminuindo. Estamos com uma pressão menor por conta do dólar e dos preços do grão e estamos repassando isso para o mercado", afirma Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, informou que poderá impor uma tarifa de importação ao trigo argentino como forma de "compensar" o imposto argentino para o açúcar. O Brasil importa cerca de 70% do trigo que consome e do total importado, 80% é de origem Argentina.

O trigo está dentro do âmbito das negociações com o Mercosul, ou seja, ele não pode ser taxado. Já o açúcar faz parte da lista de exceções, composta por produtos que podem ser tarifados. Por isso, se o Brasil impuser qualquer tarifa retaliatória sobre o trigo, os argentinos poderão recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), segundo fontes do setor.

O congresso argentino manteve a tarifa de importação ao açúcar até 2010, inviabilizando as exportações brasileiras para aquele país e prejudicando as negociações bilaterais com outros países para a derrubada da tarifa.

"Se o ministro realmente confirmar essa intenção será um equívoco de sua parte. Os custos dos moinhos aumentarão e os repasses serão inevitáveis, fato que causará impacto direto sobre a inflação", afirma Pih, do Moinho Pacífico.

O executivo lembra que o aumento nos derivados do trigo abriria espaço para uma alta generalizada dos preços de produtos que concorrem diretamente com o trigo, como milho e arroz. "Com isso se criaria um círculo vicioso e o impacto sobre a inflação seria ainda maior", afirma.

Grão transgênico

Além da soja, do milho e do algodão, a norte-americana Monsanto, uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo, pretende iniciar nos Estados Unidos o comércio de sementes de trigo geneticamente modificadas. A empresa já encaminhou ao governo daquele país o pedido para a liberação do comércio das sementes e conseqüente plantio comercial de trigo transgênico, que ainda não existe em nenhuma parte do mundo.

Segundo fontes do mercado, o governo norte-americano sinalizou que pretende liberar o comércio das sementes, mas para que elas sejam cultivadas em áreas previamente determinadas. A medida tem por objetivo controlar o cultivo de trigo transgêncio, já que ainda não se sabe se a cultura poderia se alastrar e "contaminar" plantações não transgênicas.

Apesar de ainda cedo para conclusões, a possibilidade do cultivo de trigo geneticamente modificado nos EUA poderá ter impacto direto no Brasil no futuro. Por ser ainda proibida a comercialização de produtos que contenham transgênicos no Brasil, o País deixaria de importar trigo americano, restringindo ainda mais o já pequeno número de fornecedores de trigo para o Brasil.

kicker: A Monsanto iniciará venda de semente do grão geneticamente modificado nos Estados Unidos

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