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Fatores de influência sobre o dólar

Dólar sofreu grande valorização em função tanto de fatores internos quanto externos

O dólar sofreu grande valorização em função tanto de fatores internos quanto externos. Desde o começo do ano, a moeda americana valorizou-se mais de 15% em relação ao R$. Com o fortalecimento da economia americana, indicada pela melhora nos índices de emprego, há uma forte tendência de aumento na taxa de juros pelo FED. Isso naturalmente leva a uma saída de recursos dos países emergentes em direção aos EUA, desvalorizando as moedas locais. 

Outro fator que vem adicionando volatilidade à moeda americana é a chegada das eleições no Brasil.  A ausência de um favorito (nenhum candidato com mais de 20% das intenções de voto) lança dúvidas sobre a continuidade das reformas necessárias ao país, sobretudo a da previdência. Dessa forma, o baixo nível de previsibilidade em relação às políticas que serão adotadas pelo próximo Governo vem afastando os investidores estrangeiros.

Por fim, temos a criação, por parte do Governo, da MP que estabelece a política de fretes mínimos, com objetivo de evitar novas paralisações de caminhoneiros. Essa política de controle de preços gera grande desconfiança no país, pois demonstra a disposição do Governo de interferir no mercado.  Ainda há a questão dos subsídios nos combustíveis, que deve aumentar o rombo nas contas públicas.

Como isso afeta o agronegócio?

Com o dólar mais alto, já podemos falar em aumento dos custos de produção para a safra 2018/19, uma vez que 80% dos fertilizantes e defensivos são importados. De acordo com os dados de 2018 da ANDA, ainda temos que importar dois terços dos fertilizantes estimados para o ano. Considerando um dólar futuro próximo aos R$ 4,00 daqui para frente, os preços desses insumos podem aumentar cerca de 10% em relação à safra anterior.

Entretanto, o aumento dos custos devido ao dólar é mais do que compensado pelo aumento nos preços dos grãos pelo mesmo motivo. A questão a ser observada é o gap de tempo entre a compra dos insumos e a venda dos grãos. Os produtores do Centro-Oeste que fazem barter ou que possuem custeio dolarizado já estão hedgeados. Porém, os produtores menores podem sofrer com o descasamento de moedas. Na hipótese de vitória de um candidato pró-mercado nas eleições, é possível que o dólar retorne a patamares mais civilizados, derrubando o preço dos grãos em R$. Ou seja, o produtor pode pagar caro nos insumos e vender barato os seus grãos.

Para demonstrar o impacto do dólar sobre a rentabilidade da soja 2018/19, utilizamos como exemplo dois perfis distintos de financiamento: 1) Produtor com custeio 100% dolarizado; 2) Produtor com custeio 100% em R$. Para o primeiro caso, a variação do lucro nos dois cenários de câmbio é pequena, pois há um hedge natural (receita e custo em dólar). Já o produtor que tem seu custeio em R$, apresenta uma menor previsibilidade de lucro. 

Observa-se que o produtor que realiza as operações em dólar possui um menor grau de risco, já que tanto o custo quanto a receita estão vinculados a uma mesma moeda. Já o produtor que realiza as operações em R$ possui um grau de risco mais elevado, podendo ter o fluxo de caixa negativo no caso de uma valorização do nosso câmbio.

Clima
Com a elevação da temperatura das águas do Pacífico, o NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) elevou a probabilidade de ocorrência do El Niño no verão para 49%. Isso significa uma inversão do cenário em 2019, já que na safra anterior tivemos a ocorrência do fenômeno La Nina. Os anos de El Nino são caracterizados por clima mais seco no Médio-Norte e grandes volumes de chuvas no Centro-Sul. O evento de La Niña seguido de El Niño ocorreu apenas duas vezes desde 1950, em 1972 e 2009. Previsões mais precisas devem ocorrer entre julho e agosto.

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