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Fechamento de fábricas na China: Falta defensivo e preço sobe

Restrições ambientais reduziram sensivelmente a oferta de matéria-prima


O fechamento de diversas fábricas na China, por conta da política de recuperação ambiental implantada naquele país, já está impactando fortemente no agronegócio brasileiro. Como consequência das restrições, reduziu sensivelmente a oferta de matéria-prima para a fabricação de defensivos agrícolas em diversas partes do mundo – especialmente no Brasil, que é o maior comprador dos ingredientes ativos asiáticos.

A maioria dos agroquímicos importados sofreram considerável elevação dos preços FOB (Free On Board – contrato de exportação com custos de transporte interno incluso até o carregamento do navio), de acordo com levantamento da Consultoria AllierBrasil. A pesquisa verificou mais de 70 produtos técnicos e intermediários comprados pelo Brasil no exterior, e ficou evidenciada a correlação entre o fechamento de fábricas na China, o fornecimento global e o aumento dos preços dos produtos exportados para o Brasil.

O estudo “Fechamento de Fábricas de Produtos Agroquímicos na China (2017)” mostra que os fabricantes chineses estão numa escalada de aumento de preços. “Sendo a China o maior fornecedor mundial, além de ser o maior exportador destes produtos para o mundo, inclusive para o Brasil e a Índia (que também exporta em grande quantidade para o Brasil), qualquer restrição no país asiático, impacta toda a cadeia de produção e consequentemente os preços”, afirma o engenheiro agrônomo e diretor da consultoria AllierBrasil, Flavio Hirata. Na avaliação do especialista, “a reposição de estoques para a próxima safra ainda vai trazer mais surpresas”.

Segundo informação recolhida pelo escritório em Xangai da Red Surcos, principal empresa de pesticidas de capital argentino, somente 20% das fábricas deste setor estão habilitadas para operar atualmente. Apenas 400 fábricas (de um total de 2.200) que existem em todo o país estão habilitadas, explicou o especialista Sebastián Calvo.

Das fábricas que estão paradas, há muitas que foram fechadas em forma definitiva e outras que deverão se ajustar à normativa mais estrita para voltar a operar. “Essa situação está afetando a oferta de produtos por parte da China, que resulta estratégica para o abastecimento do mercado mundial, que faz pensar que é muito difícil ver uma baixa de preços no mercado futuro”, observou Calvo.

A estimativa é que a situação piore ainda mais no médio e longo prazo: até 2020 haverá 30% menos empresas na agroindústria chinesa, e as que ficarem serão as maiores, ou seja, uma grande concentração de mercado – o que deve provocar menos concorrência de preços.

 “Os chineses se haviam posicionado como líderes absolutos por baixos custos, mas agora o cenário mudou. A mudança para a Índia como fornecedor central já se está dando em produtos chave como o clorpirifos e piretróides”, afirmou Calvo. Outro inseticida que deve faltar nos estoques brasileiros é o Benzoato de emamectina, considerado o mais eficiente para o controle da lagarta Helicoverpa armigera. Esta é uma das pragas que provocam os maiores prejuízos na agricultura do País.

Aprovado para uso emergencial no Brasil até Julho de 2019, o produto é vendido por quatro empresas autorizadas: Tide/Prentiss, CCAB, Ourofino e Macroseeds. A Syngenta, com o Proclaim, é a única empresa que detém o registro definitivo do Benzoato de emamectina em todo o território brasileiro. De acordo com especialistas ouvidos pelo Agrolink, a melhor maneira de prevenir a alta ainda mais forte dos preços e até mesmo uma possível falta de abastecimento é garantir a compra o quanto antes.

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