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FEIJÃO: poucas mudanças previstas no mercado para o mês de março


Após a fraca influência da safra de feijão da região Sul sobre os preços do feijão entre os meses de dezembro e janeiro, semelhante atuação obteve a safra de Minas Gerais e Goiás durante todo o decorrer do último mês de fevereiro.

A 1ª safra na região Sul fechou em torno de 700 mil ton neste ano, praticamente nos mesmos níveis do ano passado, mas com um atraso significativo na colheita e um nível de qualidade totalmente insuficiente em relação ao demandado pelo mercado consumidor.

Em São Paulo, a colheita na 1ª safra foi estimada em torno de 100 mil ton, com um recuo de mais de 20 mil ton em relação ao ano passado, basicamente em virtude dos efeitos do El niño no Estado, o qual proporcionou uma redução na produtividade média das lavouras paulistas de 1.570 para 1.310 kg/ha.

Esperava-se então, que as melhores condições climáticas nas regiões mais centrais do País e conseqüentemente as boas ofertas de Minas Gerais e Goiás a partir do último mês de fevereiro pudessem suprir o mercado consumidor com um volume significativo de feijão carioca e com um padrão de qualidade bastante superior ao início do ano. A 1ª safra nestes dois Estados deve fechar neste ano em torno de 310 mil ton, contra cerca de 295 mil ton no ano passado.

Mas além das chuvas localizadas no Centro-Oeste e Sudeste terem limitado até o momento ofertas mais concentradas nestas regiões, os produtores de Goiás e Minas Gerais perceberam ainda, que o direcionamento do mercado estava totalmente relacionado a disposição de vendas por parte exclusivamente das regiões produtoras destes dois Estados. Assim, uma ligeira retenção das vendas por parte destes produtores, aliada ao fator clima e a uma demanda firme dos compradores por produto de melhor qualidade, acabou sustentando os preços do carioca extra em São Paulo em patamares médios acima de R$ 115,0/sc em fevereiro, com uma queda de apenas 6% no mês.

Com a tendência de um recuo gradual das colheitas e de ofertas e negócios mais parcelados a partir de agora no Centro-Oeste e Sudeste, o mercado nesta semana em São Paulo voltou a atingir níveis recordes. O feijão carioca extra é negociado em até R$ 145,0/sc no atacado, refletindo em níveis muito acima de R$ 100,0/sc nas regiões produtoras de Goiás, Minas Gerais e Bahia. As altas nos últimos 10 dias foram ainda estimuladas pela forte instabilidade climática em praticamente toda a região Centro-Sul do Brasil, provocando chuvas nas áreas produtoras e prejudicando o avanço das colheitas.

Estimamos que o fluxo das ofertas de feijão, o qual já foi inferior no mês de fevereiro, seja ainda um pouco menor neste mês de março. Além da continuidade dos negócios em Goiás, Minas Gerais e em menor volume em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, haverá um ligeiro avanço nas ofertas da safrinha no Paraná, estimada neste ano em 177 mil ton.

A oferta na Bahia seria praticamente a única potencialmente capaz de pressionar um pouco mais os preços neste mês de março. A produção de feijão neste Estado poderia alcançar 300 mil ton neste ano. Estima-se que o plantio na Bahia superou 400 mil ha, com um aumento de quase 50 mil ha em relação ao ano passado.

Mas em virtude das condições climáticas muito desfavoráveis durante o plantio em novembro/dezembro e pelo clima muito seco e quente durante o desenvolvimento das lavouras, a produção na Bahia deve permanecer muito abaixo das 200 mil ton nesta safra. Segundo informações, até no mês passado, cerca de 40 mil ha já haviam sido totalmente perdidos.

Este será o terceiro ano consecutivo de quebra na safra baiana. Dificilmente haverá uma influência significativa das ofertas deste Estado sobre os preços do feijão neste mês de março, tal como aconteceu no ano de 2000, quando as cotações do carioca chegaram a alcançar R$ 37,0/sc em São Paulo neste mesmo período. Com a quebra da safra baiana nos anos de 2001 e 2002, os preços do feijão nos meses de março destes dois anos foram em média 14% superiores ao mês de fevereiro.

É difícil projetar que neste ano a mesma variação se repita entre fevereiro e março, até mesmo porque o mercado já vem registrando níveis excessivamente altos. Mas podemos tranqüilamente estimar, que poucas oscilações no mercado ocorrerão ainda nas próximas semanas.

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