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Feijão carioca registra avanço de 33,76% em um ano


A alta no preço do feijão, que já assusta donas de casa, não deverá ceder nos próximos meses, em razão do clima, o que deverá fazer do alimento o próximo vilão dos indicadores de inflação. Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informam que a produção nacional, considerando as três safras anuais, continuará sendo prejudicada pelo excesso de chuvas no sul e a prolongada estiagem no nordeste. A incerteza climática terá efeito especial sobretudo na Bahia, importante estado produtor. Em levantamento divulgado ontem, a Conab prevê colheita de 2,98 milhões de toneladas em todo o país, ante as 2,91 milhões da safra anterior, alta de apenas 2,3%.


Os principais produtores nacionais da leguminosa alertam para a possibilidade de as cotações da saca de 60 quilos do feijão carioca baterem no recorde histórico alcançado em 2011, de R$ 290. Na época, o preço ao consumidor subiu mais de 100%, levando o governo a desovar os estoques oficiais no mercado. A situação atual também preocupa os técnicos da área econômica. Na semana passada, os valores giravam em torno de R$ 270, em virtude de intervalos na safra e perda da área plantada para o cultivo de milho e de soja. "O mercado interno estabelece um teto para as variações de preço. Quando ele se aproxima, há um recuo na procura e a migração para outros alimentos", explica Everson Orlando Lugarezzi, da Cooperativa Agropecuária Castrolanda, de Castro (PR).

Mauro Andreazzi, gerente da Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ressalta que a combinação de um período chuvoso no sul, em amplo contraste com a seca nordestina, tirou 5% da estimativa das três safras feita em fevereiro, caindo para 3,2 milhões de toneladas. Embora seja maior que a da Conab, a projeção não desperta otimismo. "A produção é insuficiente para o consumo interno. Teremos de importar mais", disse.

A pouca chuva afeta a colheita dos pequenos produtores, que formam a maioria no nordeste. Pernambuco, Piauí e Ceará são os mais afetados, com quedas na colheita de 45,4%, 24,4% e 5,3%, respectivamente. Além disso, Andreazzi também informou que a infestação da mosca branca nas lavouras do sul e do centro-oeste é outro importante fator de quebra da produção. Ele indica que, apesar de a Região Sul já ter acabado de colher a primeira safra, em janeiro, o nordeste ainda não conseguiu o mesmo. O IBGE prevê um déficit nas duas safras de 260 mil toneladas.

A enfermeira Rejane Sarmento, 38 anos, tem observado o preço do feijão subir desde janeiro. "Encontrava o quilo a R$ 3 e agora não compro por menos de R$ 6. É difícil substituí-lo", reclamou. O servidor Paulo Roberto Rocha, 56, lamentou que um item da cesta básica esteja tão pressionado. Ele não pensa em trocar o produto por outro em razão do preço. "Vou dar um jeito", prometeu.


O feijão é cultivado em praticamente todo o território nacional, porém, grande parte da produção está concentrada em apenas 10 estados, PR, MG, BA, SP, GO, SC, RS, CE, PE e PA, responsáveis por praticamente 85% da produção nacional, atingindo anualmente cerca de 3 milhões/toneladas, distribuídas em três safras distintas, águas, seca e inverno.

Clima adverso

Os técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informam que a produção nacional de feijão, considerando as três safras do ano, tende a ser ainda menor nos próximos levantamentos, em virtude do "clima chuvoso no sul do País e seco no nordeste". Também há incerteza climática para "a condução da terceira safra, em especial, no nordeste da Bahia, importante polo produtor", informa a Conab.

Para a safra 2012/2013, a Conab prevê que a produção das três safras totalizarão 2,987 milhões de toneladas que, somadas ao estoque de passagem e às importações propiciarão um suprimento de 3,66 milhões de toneladas.

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