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Feijão em nova etapa de forte valorização no país

Nos últimos 12 meses, o preço da saca de 60 quilos de feijão carioquinha quase dobrou em São Paulo


O feijão, que atingiu no fim de 2007 seus picos históricos de preço no mercado interno, volta a apresentar tendência de alta no momento de plantio da chamada safra das águas, a mais importante do Paraná, maior Estado produtor do país.

Em virtude, principalmente, do aumento da demanda, o aperto na oferta deverá marcar o último trimestre do ano, mesmo com a perspectiva do aumento da área de plantio.

Nos últimos 12 meses, o preço da saca de 60 quilos de feijão carioquinha quase dobrou em São Paulo e chegou a R$ 220 na sexta-feira, segundo o Valor Data.

"O mercado tem todos os fatores para voltar a seus picos de preço. Surpresa vai ser se isso não acontecer", diz Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe). "E notícias sobre o aumento dos preços são como o aviso de que vai faltar água: mesmo quem não quer água acaba ficando com sede. O consumo sobe".

Analistas e produtores creditam parte da nova pressão sobre o preço do feijão à substituição da cultura por outras nas lavouras. Em Goiás, por exemplo, um dos principais produtores do feijão terceira safra, parte das plantações da leguminosa cederam espaço para o trigo. A terceira safra é a menor das três colhidas ao longo do ano no país, mas abastece o mercado no fim do ano, quando os preços costumam atingir seu ápice.

Divulgação

Goiás deve colher 106,2 mil toneladas de feijão terceira safra, volume 30% menor que o da safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com isso, o Estado perde o posto de segundo mais importante no feijão terceira safra para Minas. A Bahia lidera o feijão terceira safra.

"Vão faltar umas 300 mil toneladas de agora até o fim do ano", estima Lüders. Segundo ele, subestimou-se o impacto da substituição de culturas no campo, o que levou a uma previsão superestimada da terceira safra. A Conab projeta produção 6,7% maior no ciclo 2007/08 no país, de 827,5 mil toneladas.

O Brasil costuma importar feijão preto da Argentina, variedade mais popular no mercado do Sul do país. Neste ano, por conta da oferta apertada, foi preciso importar de mercados que pouco vendem ao país, como China, Canadá e Chile. As importações foram de cerca de 45 mil toneladas em 2007. Elas devem mais triplicar neste ano e atingir 150 mil toneladas.

A Secretaria de Agricultura do Paraná projeta aumento de 19,1% na área do feijão das águas no Estado e de 41,7% na produção, que, com isso, atingiria quase 610 mil toneladas. Há receio, contudo, com a produtividade, já que parte do aumento de área deve ocorrer em terrenos antes relegados a segundo plano.

O encarecimento dos insumos, que tende a reduzir o nível de tecnologia da cultura, também preocupa. "O produtor brasileiro ainda prefere economizar na semente, o que causa uma produtividade bem menor", diz Vanir Luiz Rigatti, gerente de produção de sementes de feijão da Sementes Prezzotto. "Só 10% das sementes de feijão usadas no país são selecionadas. O resto é tudo pirata".

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