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Fenagro 2011 – O campo fez uma grande festa na cidade

Público recorde e movimentação financeira superaram expectativas


Público recorde e movimentação financeira superaram expectativas

Principal evento do setor do Norte/Nordeste e um dos maiores do Brasil, a Feira Nacional da Agropecuária da Bahia (Fenagro 2011), superou todas as expectativas. O campo fez uma grande festa na cidade, atraindo mais de 230 mil visitantes, dentre eles cerca de 50 mil estudantes da rede pública de ensino estadual e municipal da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Em balanço preliminar, a feira registrou um aumento de 30% no volume das transações financeiras, em comparação com os últimos dois anos. E em movimentações diretas, o evento gerou cerca de R$ 150 milhões, o que incluiu vendas de máquinas, implementos agrícolas realizadas no Feirão Mais Alimentos.


A Fenagro, conforme destaca o secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, cumpriu o importante papel de aproximar o homem da cidade ao homem do campo, demonstrando para a população urbana de onde vem e como é produzido o alimento que chega à mesa do consumidor. Durante toda a semana o gabinete do secretário funcionou no Parque de Exposições de Salvador, onde aconteceram importantes encontros e reuniões que deixaram resultados promissores para a agropecuária baiana, destacando-se entre elas o interesse de empresários de Santa Catarina de investir na pesca e aqüicultura; parceria com a Nestlé para execução de ações voltadas para acelerar a revitalização da cacauicultura; acesso à tecnologia alemã para utilização de subproduto do sisal na construção de casas populares, e a vinda para a Bahia, em 2012, do maior evento da bovinocultura de corte, a Feicorte. Um dos eventos mais significativos da Fenagro foi a celebração do termo de compromisso entre a Seagri, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), as associações de criadores de raças e a Associação Baiana de Criadores (Abac), para reestruturar a Associação Baiana de Criadores (Abac).

Durante nove dias, empresários de diversos estados e até de outros países, produtores, criadores, expositores e estudantes entraram em contato com uma megaestrutura voltada para geração de negócios e entretenimento. A 24º edição da Fenagro Bahia contou com a participação de 800 expositores com seis mil animais, entre bovinos, com 1,1 mil exemplares, equinos (800), caprinos e ovinos (três mil), 24 leilões programados, além de 27 cadeias produtivas da agricultura familiar.

Sucesso nos leilões
Responsáveis por cerca de 20% da movimentação financeira total, prospectada para a Feira Nacional da Agropecuária, os leilões foram uma verdadeira mostra do que há de melhor na genética animal baiana. “Batemos todos os recordes previstos, com destaque para a realização dos leilões dentro do Parque de Exposições de Salvador. Além de festejarmos o recorde mundial de produção de leite (50,197 quilos/dia) com a vaca Insistência, da raça Gir, na categoria Vaca Jovem”, salientou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga da Bahia, Matheus Braga.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), João Martins, e vice-presidente do Conselho Nacional da Agricultura (CNA), a feira foi muito bem organizada. “A qualidade dos eqüinos, bovinos, caprinos e ovinos, os números expressivo dos leilões, a programação e a estrutura surpreendeu pecuaristas, expositores e visitantes. O cenário se mostrou favorável para todos que participaram, especialmente para a agricultura familiar”, pontuou.

Destaque internacional
Considerada uma das sete cadeias prioritárias, por envolver grande número de agricultores familiares, e incluída no Programa Vida Melhor, aqüicultura e pesca recebeu atenção especial do sul do país. Entre 2006 e 2009, a Bahia aumentou sua produção de pescado em 57%, atingindo a marca de 121 mil toneladas/ano, colocando o estado em 3º lugar no país.

Esses, dentre outros números, fizeram com que o empresariado colocasse o Estado na rota dos bons negócios. Durante a Fenagro, produtores de Santa Catarina, representados pelo vice-presidente do Sindicato dos Armadores e Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Joaquim Felipe Anacleto, manifestaram ao secretário Eduardo Salles e ao presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli, a intenção de investir na Bahia, na pesca e aqüicultura.

O Estado possui cerca de 1.200 quilômetros de costa litorânea e está construindo dois terminais pesqueiros, em Salvador e Ilhéus, além de quatro embarcações para pesca oceânica. A Bahia ganhou destaque internacional ao conquistar, em Santa Catarina, há menos de um mês, o direito de sediar em 2012 um dos mais importantes eventos do mundo, a Feira Internacional de Pesca e Aqüicultura, (Aquapescabrasil).

Sisal pode ser matéria prima para construção de casas
Uma das visitas internacionais à Fenagro foi a do empresário alemão Bernhard Heming, que apresentou ao secretário Eduardo Salles uma proposta revolucionária para construção de casas populares ecologicamente corretas, utilizando a bucha, subproduto do sisal, e a possível instalação de uma fábrica na região de Conceição do Coité para beneficiamento do produto. O projeto, já implantado em países da Europa, Ásia e África, com a utilização de palhas do trigo, será colocado em prática de forma pioneira no Brasil com o sisal.

De acordo com Bernhard Heming, experimentos bem sucedidos foram feitos com a cana de açúcar, no qual foi comprovada a presença da substância lignina, espécie de cola natural que serve para o processo de prensagem do material utilizado na construção das casas. E diante da realidade local, o secretário sugeriu o uso do sisal, salientando que a Bahia é o maior produtor no mundo. Ele disse que o Estado tem a possibilidade de discutir com o Ministério das Cidades a utilização desse material nas casas populares do Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal.

Também desenvolvendo tecnologias, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculado à Seagri, lançou durante a Fenagro nova variedade de manona, a MPA 34. O avanço nas pesquisas possibilitou o desenvolvimento da nova variedade de oleaginosa, que chega a ser 20% mais produtiva que as cultivares similares. “Estamos sendo pioneiros e abrindo os caminhos para uma cultura sustentável, com uma variedade totalmente adaptada ao semiárido e às necessidades do agricultor familiar”, explicou o diretor de Agricultura da EBDA, João Bosco.

Agricultura familiar
Os agricultores familiares também tiveram seu espaço garantido. Os louros foram colhidos na II Feira Baiana da Agricultura Familiar, vitrine de produtos agroindustrializados, que reuniu 140 cooperativas e rendeu R$ 640 mil em negócios imediatos. Coordenada pela Superintendência de Agricultura Familiar da Seagri, a área divulgou tecnologias, palestras, minicursos e bate-papo tecnológico, além de colocar à disposição dos agricultores uma equipe de técnicos da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, (EBDA).

“O objetivo não é só vender diretamente ao consumidor, mas prospectar mercados. Nesse sentido, foi fechado parceria com a rede de restaurantes da alta gastronomia de Salvador, agregados em torno da Abrasel, com a rede hotéis de alto luxo, e com a rede de supermercados Redemix. Todos passarão a adquirir produtos da agricultura familiar”, enumerou o superintendente da Agricultura Familiar, Wilson Dias.

De acordo com a Superintendência da Agricultura Familiar (Suaf), a Cooperativa de Criadores de Caprinos do município de Pintadas (Coaf), que fechou importantes contratos de entrega de cortes selecionados de caprinos, e a Cooperativa dos Pescadores de Paulo Afonso comemoraram expressivos resultados. “Os pescadores de Paulo Afonso firmaram contratos para entrega de toda produção de filê de tilápia 2012”, revelou Dias. Os produtos são oriundos da Agricultura Familiar e da Economia Solidaria vindos dos 26 Territórios de Identidade do Estado da Bahia.


Feirão Mais Alimentos
Um dos espaços mais visitados da Fenagro, o Feirão Mais Alimentos foi palco da visita de agricultores sedentos por informações. Trinta e seis caravanas vieram de diferentes cidades baianas, com 50 produtores cada para conhecer máquinas, equipamentos e condições operacionais de financiamento. Aproximadamente 300 propostas recepcionadas pelos BB e BNB, para a concretização dos créditos, num total de R$ 30 milhões, dos quais R$ 21 milhões do BNB.

O Programa Mais Alimentos financia até R$ 100 milhões para que o agricultor familiar compre de um facão a um trator, com três anos de carência e sete anos para pagar, com juros de 2% em todo o País. Mas na Bahia é diferente. Aqui o juro é zero, graças ao governo do Estado, que assume esse compromisso, incentivando a entrada da tecnologia nas pequenas propriedades.

Tecnologia, qualificação e educação sanitária Os investimentos em tecnologia, qualificação e educação sanitária na defesa agropecuária agradaram aos criadores e público nesta edição. A Seagri, através da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), emitiu durante a Fenagro cerca de 500 guias de Trânsito Animal (GTA) eletrônicas e 150 online, facilitando a retirada do documento e oferecendo segurança e conforto ao criador. Além disso, quatro propriedades de Uibaí receberam a certificação de área livre de Brucelose e Tuberculose, comprovando a qualidade sanitária da produção de leite na região. A facilidade na emissão das GTAs foi um dos destaques da exposição. Somente no primeiro dia da Fenagro, a Adab emitiu 30 GTAs online durante a realização de um leilão. Segundo o diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, este serviço oferecido durante a Feira garantiu agilidade e eficácia no processo de emissão do documento, obrigatório para o trânsito do animal. “Esse sistema permite maior segurança e rapidez na identificação e no controle da sanidade do rebanho. E, utilizado junto com o Sistema de Integração Agropecuária (Siapec), tem tornado a defesa agropecuária no Estado ainda mais eficaz”, salientou. A Bahia é o primeiro Estado do Nordeste e o terceiro do Brasil com o maior número de propriedades certificadas como Área Livre de Brucelose e Tuberculose. No total o Estado possui 16 fazendas certificadas pelo Ministério da Agricultura (Mapa), Seagri e Adab. O secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, lembrou aos produtores que, a partir de agora, há muito trabalho pela frente. “A certificação é muito mais do que um simples papel. É praticamente um passaporte para os agricultores familiares ultrapassarem as barreiras internacionais e conquistarem novos mercados”, ressaltou Salles.

Negócios e diversão
Grande produtor de cacau, a Bahia ganhou importante reforço no processo de revitalização da cacauicultura. Diretores da Nestlé reuniram-se com o secretário Eduardo Salles no gabinete montado na Fenagro, e definiram a formação de um grupo de trabalho, formado pela Seagri, Nestlé, Ceplac e entidades representativas dos produtores com o objetivo de elaborar um termo de cooperação técnica a ser assinado nos próximos dias, visando a execução de ações nas áreas de ciência, extensão, acesso ao crédito e fornecimento de mudas, dentre outras medidas para incentivar a produção de cacau de qualidade.

Com o maior rebanho de caprinos (2,7 milhões) e de eqüídeos do país, e o segundo maior de ovinos (2,1 milhões) e o terceiro maior rebanho leiteiro, a Bahia recebe no próximo ano, pela primeira vez, a Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), nos dias 21 e 22 de março, no Hotel Pestana. O evento é um grande fórum de debate sobre tecnologias na produção em todo o mundo e compreende os principais polos de produção de gado de corte, com concentração de mais de 55% do total das cabeças do Brasil. Além de novidades do agronegócio, o público pôde desfrutar da praça de alimentação com variadas opções, música ao vivo, parque infantil completo, espaço kids, passeio de pônei e de charretes, apresentação de bois adestrados, torneio leiteiro, além de mostra de pequenos animais domésticos como cachorros, aves, coelhos, hamsters, galinhas exóticas, canários e passarinhos.

Outra novidade foi o ecoprojeto Plantando o Futuro. Idealizada pela Seagri, a iniciativa é voltada 100% para o desenvolvimento da consciência ambiental e do fortalecimento da relação do agronegócio com o conceito de sustentabilidade. O projeto consistiu numa floresta cenográfica, produzida com eucalipto tratado e telha ecológica, que abrigou uma mostra das 27 principais cadeias produtivas da agropecuária. A principal atração foi uma árvore robótica, chamada Dr. Líptus, contador de histórias, que falou sobre a importância de se alimentar de forma saudável.

Licenciamento ambiental
As novas diretrizes referentes ao licenciamento no setor agropecuário, propostas na reformulação das leis nº 10.431 e 11.612, que tratam da Política Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, respectivamente, foram tema de discussão na Feira Nacional da Agropecuária da Bahia, com a participação de produtores rurais, consultores ambientais e representantes de órgãos e instituições ligadas ao assunto.

A modalidade proposta no projeto de lei - a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) - é um dos aspectos que precisa ser mais debatido com o empreendedor. Nesta modalidade é concedida eletronicamente a licença ambiental, para atividades ou empreendimentos em que o empreendedor se comprometa a atender aos critérios pré-estabelecidos pelo órgão licenciador, no caso de empreendimentos ou atividades de pequeno ou médio potencial poluidor.

Para a coordenadora de Licenciamento Agrossilvopastoril do Inema, Cláudia Campra, a Fenagro se configura como um espaço para discutir as propostas previstas no projeto de lei. Segundo ela, é mais uma oportunidade de esclarecer sobre os processos de licenciamento com os empreendedores, que muitas vezes não têm conhecimento dos trâmites que devem ser seguidos.

Melhoramento genético
O melhoramento genético tem se tornado uma opção para que os agricultores familiares melhorem seus rebanhos. Com este objetivo, técnicos da EBDA e de outras instituições de desenvolvimento do segmento, na Bahia, participaram de treinamento sobre características, qualidades genéticas das raças e manejo reprodutivo de bovinos, como parte da programação da 24ª Feira, no Parque de Exposições de Salvador.

O curso, promovido pela Secretaria da Agricultura (Seagri), em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), fez parte do Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino Brasileiro, o Pró-genética.

Além disso, o secretário Eduardo Salles anunciou que o Banco do Brasil, BNB, também ingressou no programa Pró-Genética, que já tem o apoio e participação do Banco do Nordeste do Brasil, BNB.

“Os técnicos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) são os principais agentes de desenvolvimento da atividade pecuária, para pequenos e médios produtores. Eles precisam saber como indicar um touro, comparando a aptidão das raças, como capacidade reprodutiva, ganho de peso e produção de leite, de acordo com o interesse comercial do produtor”, afirmou o veterinário da Seagri, Adilton Ferraz, coordenador do Pró-genética, na Bahia.

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