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Ferrovias manterão as indústrias da carne em SC

Confira entrevista com Cléver Ávila, presidente da ACAV.


“Só as ferrovias manterão as indústrias da carne em SC” - Clever Ávila, presidente da ACAV

A permanência das agroindústrias no oeste catarinense dependerá da construção da ferrovia intraterritorial leste-oeste (ligando a região produtora aos portos catarinenses) e ferrovia interestadual norte-sul (ligando Chapecó ao Mato Grosso do Sul). Esse é o consenso existente na cadeia produtiva da avicultura industrial, de acordo com o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Clever Pirola Ávila.

Considerado um dos mais experientes executivos da indústria brasileira de carnes, com 30 anos de atividade na área, Ávila é engenheiro químico pós-graduado em processamento de alimentos. Tem 52 anos de idade e é natural de Criciúma (SC).

Qual é a importância para a cadeia produtiva da avicultura de uma ferrovia leste-oeste, também chamada de “Ferrovia do Frango”, ligando a região produtora com os portos catarinenses?

Clever Pirola Ávila – Na busca da competitividade mundial precisamos estar atentos às oportunidades. Não há nenhuma dúvida que a logística interna e externa merece atenção. Aqui em Santa Catarina a “ferrovia do frango” está no nosso planejamento estratégico e certamente pode viabilizar o crescimento da produção catarinense.

Qual o impacto que esta ferrovia teria na redução dos custos de exportação dos produtos acabados? Qual a efetiva redução de custos que proporcionará?

Clever Pirola Ávila – Todo transporte está baseado em rodovias, as quais são gargalos em SC. A BR 282 e a BR 470 são gargalos pelo subdimensionamento, congestionamento, morosidade, etc, que propiciam consumo excessivo de combustíveis, muitos acidentes, custos altos e um impacto ambiental desnecessário. Deste modo, a ferrovia do frango se adequa para as soluções de todos estes entraves, reduzindo custos e nos alinhando a competitividade necessária.

Qual seria o volume potencial de carga que essa rodovia transportaria, hoje?

Clever Pirola Ávila – Atualmente 27% da produção nacional de aves poderia circular nessa ferrovia.

E quais os tipos de cargas?

Clever Pirola Ávila – Pleiteamos a ferrovia para cargas refrigeradas, mas certamente a economia catarinense, bastante diversificada, poderia complementar com outros tipos de cargas para viabilizá-la.

Fala-se há duas décadas na “Ferrovia do frango”, mas, somente neste ano foi elaborado o estudo de impacto ambiental e, agora, licitado o projeto técnico. Como o Sr. explica isso?

Clever Pirola Ávila – Somente pela falta de decisão política e prioridade para o agronegócio. Não é a toa que Santa Catarina perdeu a liderança para o Paraná, tanto na produção quanto na exportação.

Essa ferrovia pode resultar de uma parceria público-privada (PPP)? Existem empresários interessados e com capital para um investimento desse porte?

Clever Pirola Ávila – Sem dúvida é o caminho, caso contrário vamos esperar por mais algumas décadas sem solução e migração da produção para outros Estados da Federação. Cabe ao setor público a iniciativa de convocar os potenciais interessados em assumir este investimento com regras claras e concessão que permita o payback viabilizado.

Há uma frente parlamentar tratando desse tema em Brasília e outra em Florianópolis. O Sr. acha que esse tema entrou nas prioridades da classe política?

Clever Pirola Ávila – Com as eleições e novos governantes assumindo, a esperança volta para este pleito junto ao Poder Público. Somos incansáveis nesta busca e esperamos que nosso Plano Estratégico seja pelo menos analisado, no qual a ferrovia é considerada uma das principais ferramentas de competitividade.

Outro projeto essencial para o sistema agroindustrial catarinense é a extensão da Ferroeste, do Paraná, ferrovia que ligaria Chapecó ao Mato Grosso do Sul. Seria vital para transportar matéria-prima (milho e farelo de soja) do MS para SC. Qual sua avaliação?

Clever Pirola Ávila – A conectividade das raras linhas ferroviárias existentes é fundamental nesta logística de matérias-primas e produtos acabados. Mas acima de tudo, os módulos multimodais (ferrovias, rodovias, fluvial e marítimo) é que garantirão o aproveitamento de oportunidades – inclusive de importação de grãos de outros países vizinhos.

Esse projeto está mais próximo porque o estudo de viabilidade da 1ª fase do ramal ferroviário que liga a região do Cantuquiriguaçu, no Paraná, à Chapecó, em Santa Catarina, foi concluído em setembro de 2009.

Clever Pirola Ávila – Cremos que está mais próximo pelo empenho da agroindústria catarinense que vem trabalhando com seriedade para alavancar o Estado e o Brasil no cenário de longo prazo.

Estudos da Ferroeste revelam que o ramal Chapecó-Paraná será alimentado pelo fluxo de grãos entre o Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, a exportação de carne congelados de aves e suínos, o transporte de calcário da região metropolitana de Curitiba e de fertilizantes do porto para as regiões produtoras, a movimentação de derivados de petróleo, e a distribuição dos armazéns de grandes empresas, como Sadia, Perdigão, Seara e Bunge, além de cooperativas. Essa avaliação é correta?

Clever Pirola Ávila – É uma possibilidade concreta.

O preço do milho vendido no Mato Grosso é quase a metade do milho posto em Chapecó. Considerando que, somente em MILHO, SC importa em média 1,5 milhão de toneladas por ano, qual será a redução de custo de produção que as indústrias terão com a ferrovia?

Clever Pirola Ávila – Nossa competitividade pode ser impactada para melhor em pelo menos 4%.

A Acav desenvolverá atuação política para a efetiva execução das obras ferroviárias? De que forma?

Clever Pirola Ávila – Na realidade estamos em campo há 3 anos com mais efetividade e a ACAV lidera estas ações políticas em SC e com apoio da nossa entidade nacional UBABEF.
 
As informações são da assessoria de imprensa da Associação Catarinense de Avicultura - ACAV.

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