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Ferrugem asiática: 10 dicas para combater a doença mais perigosa da soja

A ferrugem asiática é uma das doenças que mais causa perdas na sojicultura


A ferrugem asiática é uma doença causada por fungo que prejudica principalmente as lavouras de soja, reduz a produtividade e gera perdas consideráveis. No Brasil, a primeira ocorrência da praga foi na região Sul, mas a doença se espalhou e atualmente tem incidência em todos os estados produtores do País. “A ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que é o fungo mais temido dos produtores brasileiros de soja”, afirma Margarida Fumiko, pesquisadora de fitossanidade do Instituto Agronômico (IAC).

 

1 – Sintomas

O início da doença é marcado por pontos de tom verde claro a verde acinzentado, chamados de flecks, que geralmente surgem nas folhas da soja, mas também é possível que essas manchas ocorram no caule ou nos ramos da planta. Quando os flecks surgem, isso significa que a soja está na fase de infecção pelo fungo.

 

A pesquisadora explica que se as condições do ambiente continuarem favoráveis, o fungo continua a se desenvolver e a colonizar o tecido da planta, liberando estruturas de reprodução que podem ser vistas pelo produtor. No início, elas têm cor clara e posteriormente ficam amareladas. Segundo a pesquisadora, as folhas infectadas pelo fungo ficam com coloração amarelo ferruginoso, por isso que o nome da doença é ferrugem. “Quando há alta severidade da doença, acontece a desfolha prematura da planta”, diz Fukimo.

 

2 – Como identificar?

A identificação da doença é feita a partir da observação a campo. “Durante a observação, deve ter sempre uma lupa com umas 20 vezes de aumento, para conseguir ver os flecks e as estruturas de reprodução do fungo”, diz a pesquisadora. Se o produtor ficar em dúvida sobre a identificação dos sintomas, deve levar amostras das plantas para análise em laboratório, onde será possível fornecer um diagnóstico preciso.

 

3 – Prejuízos

A ferrugem asiática pode causar a perda das folhas sadias e, dessa forma, prejudica a atividade de fotossíntese, o processo que garante a absorção de nutrientes do solo e gera energia para a sobrevivência da planta. A pesquisadora explica que o déficit de nutrientes afeta o enchimento das vagens da soja e, assim, os grãos gerados têm má formação, são menores e mais leves. “Essa situação causa prejuízos na produção, reduzindo a produtividade da cultura e também a qualidade do produto colhido”, afirma Fukimo.

 

4 – Culturas afetadas

Embora a soja seja a cultura mais prejudicada pela ferrugem asiática, a doença também afeta outras espécies. “Esse fungo apresenta muitas plantas hospedeiras, são relatadas cerca de 95 espécies”, diz Fukimo. Entre as plantas afetadas, estão culturas como alfafa, crotalária, feijão, feijão-fava, feijão-de-lima, feijão-caupi, feijão-fradinho, tremoço, trevo.

 

5 – Tratamento

O combate à ferrugem asiática em lavouras já infectadas pode ser feito com o uso de fungicidas (leia mais: 8 tecnologias para controlar a ferrugem asiática na safra de soja 2016/17). O manejo mais eficiente é aquele que utiliza mais de um tipo químico, seguindo a orientação de um agrônomo. Segundo a pesquisadora, é importante realizar a rotação de produtos com diferentes modos de ação. Dessa forma, o fungo não cria resistência aos fungicidas e o cuidado garante que essas tecnologias tenham maior vida útil.

 

6 – Misturas de fungicidas

Os principais grupos de agroquímicos usados no combate à ferrugem asiática são triazóis, estrobilurinas e carboxamidas. Fukimo recomenda que o produtor sempre se informe sobre as orientações das empresas que fornecem o produto, porque o uso incorreto reduz a eficácia do produto.

 

Segundo Fukimo, o uso de um único tipo de agroquímico não é suficiente para o combate. “Houve relatos de populações dos fungos pouco sensíveis aos químicos. Assim, a partir da safra 2008/09 tem sido recomendada somente a utilização de misturas comerciais de dois ou mais fungicidas”, diz.

 

7 – Vazio Sanitário

O Vazio Sanitário é um período que varia de 60 a 90 dias, dependendo do estado produtor, quando não há plantas de soja vivas. A prática é adotada pela maioria dos estados produtores no Brasil e também no Paraguai. Esse período serve para retardar a ocorrência da doença e reduzir o inóculo do fungo que causa a Ferrugem Asiática. Produtores que fizerem a semeadura antes da data prevista podem sofrer multas, porque essa etapa só deve ser iniciada ao fim do Vazio Sanitário.

 

Com essa prática, o produtor reduz as aplicações de fungicidas, o que significa menos riscos de aplicação e menor despesa. “Quando iniciar a semeadura, a preferência deve ser dada a cultivares com certo nível de resistência genética ao fungo e de ciclo precoce, com objetivo de se escapar da ferrugem ou, na ocorrência, sofrer baixa pressão de inóculo”, explica a pesquisadora.

 

8 – Rotação de culturas

O fungo causador da ferrugem asiática só sobrevive em uma planta hospedeira viva. Em restos culturais, sobrevive por só 55 dias. Por isso, rotacionar a cultura com outras não hospedeiras, como o milho, ajuda a reduzir a incidência e o desenvolvimento do fungo. Porém, a pesquisadora conta que os esporos do fungo, parte que inicia o processo de infecção, são disseminados pelo vento, o que significa que plantações próximas infectadas podem prejudicar mesmo aquelas prevenidas contra a ferrugem. “Uma cultura vizinha com a doença servirá como potencial fonte de inóculo da praga”, diz Fukimo.

 

9 – Manejo da ferrugem asiática

O controle da ferrugem da soja deve ser feito a partir de um método de manejo integrado, desde o início da implantação da cultura, realizando a correção do solo e adubação recomendada. Fukimo explica que a cultura deve ser monitorada desde a emergência, com atenção às condições climáticas.

 

Além disso, ela orienta que o uso de cultivares com maior nível de resistência ao fungo juntamente com a aplicação de agroquímicos aumenta a probabilidade de um controle eficaz. “O produtor deve escolher cultivar recomendada para a região e adquirir sementes de boas qualidades fisiológica e sanitária, com resistência genética a pragas e doenças”, diz Fukimo.

 

10 – Condições climáticas

O fungo causador da ferrugem é beneficiado pela alta umidade e, por isso, desenvolve-se melhor nos períodos chuvosos. Além disso, consegue sobreviver em uma ampla faixa de temperatura, de  8 °C a 30 °C, sendo que a faixa de 18 °C a 21 °C é considerada “ótima” para a infecção. “Nessas condições, é muito importante não perder o momento de iniciar o controle químico, de preferência preventivamente”, afirma a pesquisadora.

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