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Ferrugem eleva demanda por pulverizadores

Aliado à maior incidência do fungo, o aumento de até 25% na produtividade tem estimulado a procura das máquinas


Se o início do Plano Real foi marcado pelo movimento de renovação da frota de tratores e colheitadeiras no Brasil, 2005 está sendo apontado como o ano em que o mercado de pulverizadores automotrizes irá surgir para impulsionar as vendas de máquinas agrícolas no País. O avanço da ferrugem da soja nas lavouras brasileiras e a necessidade de se reduzir gastos, dada a queda nos preços internacionais de algumas commodities, está estimulando a procura pelos "gafanhotos", que são considerados mais eficientes que os aviões agrícolas e mais econômicos que os tradicionais pulverizadores de arrasto, puxados por tratores.

Na onda do crescimento da demanda por pulverizadores automotrizes, a paulista ServSpray está investindo R$ 4 milhões no desenvolvimento de um novo projeto para sua máquina e na adaptação de sua linha de montagem. "O novo projeto tem um perfil que atende às necessidades do mercado internacional. Nossa idéia é destinar 30% de nossa produção para as exportações já no ano que vem", afirma Daniel White, diretor- presidente da empresa paulista.O executivo ressalta que a expectativa da empresa é produzir e comercializar 120 pulverizadores automotrizes em 2005, sendo que 20% serão exportados. Os números superam, em muito, o desempenho do ano passado, quando a empresa vendeu 63 unidades. "Vamos exportar para a Argentina, Paraguai e Bolívia, além de Austrália e África do Sul. Em abril já inauguraremos nossa filial de vendas e atendimento na Argentina", afirma White, ao lembrar que a ampliação da fábrica elevará a capacidade de produção para até 400 máquinas, ante a limitação de 70 que tinha até agora.

Com uma expectativa de vender este ano 400 unidades de "gafanhotos", a paranaense Montana já espera por uma concentração de pedidos a partir do segundo semestre. "Os preços da soja ainda travam as vendas no primeiro semestre, mas acreditamos que o prazo de 15 dias de entrega que temos hoje passe para até 120 dias na segunda metade do ano", diz Carlos Magno do Amaral Benfeita, diretor comercial da empresa.

O avanço da ferrugem da soja no ano passado já havia impulsionado as vendas da empresa em 2004. Aliado à maior incidência do fungo, o aumento de até 25% na produtividade tem estimulado os agricultores a procurarem as máquinas. "Para pulverizar 300 hectares por dia, por exemplo, seriam necessários 5 tratores, que consomem 20 litros de diesel por hora cada, 5 pulverizadores e precisam de pelo menos 2 operadores. Por ser mais rápido, o gafanhoto cobre a mesma área, consumindo de 10 a 12 litros por hora e necessita de apenas um operador", explica White, da ServSpray.

Segundo o executivo, defensivo químico é um insumo muito caro para o produtor. "O desperdício é algo inaceitável. Por isso, as máquinas estão se tornando mais eficientes e modernas", justifica.

Contando com todo conforto dos tratores mais modernos, os pulverizadores automotrizes possuem ar-condicionado, rádio, GPS e até geladeira. "Essas máquinas sempre foram deixadas para segundo plano, já que, com medo que o Moderfrota - programa de incentivo à renovação da frota de máquinas agrícolas - acabasse com o governo Fernando Henrique, os produtores priorizaram os investimentos em implementos de maior valor, como colheitadeiras e tratores. Com a manutenção do programa, as atenções se voltaram para os pulverizadores, o que vai permitir a renovação da frota", afirma Benfeita, da Montana.

As estimativas indicam que a frota de pulverizadores automotrizes no Brasil é de 2 mil máquinas, mas grande parte estaria sucateada. "A cultura dos pulverizadores automotrizes é recente, não ultrapassa quatro anos", afirma Benfeita.

De acordo com o dirigente da Montana, cerca de 70% de todos os pulverizadores utilizados no Brasil são automotrizes, mas em algumas regiões, como o Centro-Oeste, esse percentual chega a 100%. "Esses pulverizadores são indicados para áreas superiores a 800 hectares", afirma Benfeita.

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