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Festival celebra cultura e sociobiodiversidade dos geraizeiros do Alto Rio Pardo (MG)

A terceira edição do Festival de Cultura Popular do Alto Rio Pardo aconteceu nos dias 18 e 19 de novembro de 2016, em Taiobeiras, no norte de MG


A terceira edição do Festival de Cultura Popular do Alto Rio Pardo aconteceu nos dias 18 e 19 de novembro de 2016, em Taiobeiras, no norte de Minas Gerais (MG). O evento celebrou a diversidade cultural do povo geraizeiro, por meio da sua agricultura familiar tradicional, artesanato, alimentação, crenças e manifestações artísticas. De acordo com Fernanda Santos, coordenadora da Escola Família Agrícola (EFA) Nova Esperança, realizadora do evento, o festival se tornou um espaço de encontro dos povos para partilha de saberes, sabores e alegrias. "Temos poucos espaços onde a cultura popular é protagonista, por isso nosso festival é tão importante", afirmou.

O Alto Rio Pardo é um dos Territórios da Cidadania trabalhados pelo Projeto Bem Diverso, que por meio da parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF), vem promovendo ações de conservação da biodiversidade através do uso sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais. O Bem Diverso também apoiou a realização do festival e segundo o líder do projeto e pesquisador da Embrapa, Aldicir Scariot, a promoção e o fortalecimento da cultura estão diretamente conectados ao modo de vida dessas comunidades e, estas por sua vez, ligadas e dependentes dos recursos naturais. "Na medida em que trabalhamos para promover o uso sustentável da biodiversidade, fortalecer a cultura se torna um elo importante nessa cadeia", declarou.

Seminário, Oficinas e o Festejo

O Festival teve no seu primeiro dia, 18/11, um seminário que discutiu temáticas relacionadas ao território. A atenta plateia formada por estudantes da EFA Nova Esperança e pequenos agricultores, ouviu a palestra conduzida por Aldicir Scariot, cujo tema foi "Sociobiodiversidade e perspectivas para o campo do Alto Rio Pardo". Além de abordar os principais desafios enfrentados para a conservação do Bioma Cerrado, o extrativismo sustentável e o acesso ao mercado, Scariot apresentou as ações do Projeto Bem Diverso iniciadas no Alto Rio Pardo, como boas perspectivas para contribuir com desenvolvimento sustentável da região.

O segundo tema tratado foi "As feiras livres do Alto Rio Pardo: economia popular solidária, agroecologia e cultura". A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Paula Gomes Melo, discorreu o assunto apresentando dados de uma pesquisa desenvolvida pela UFMG e EFA Nova Esperança, que mostra a importância da feira livre de Taiobeiras, que além de ser um espaço de comercialização de produtos da agricultura familiar, também promove a diversidade cultural e produtiva local.

No mesmo dia aconteceram duas oficinas, cuja primeira tratou do tema "Frutos do Cerrado: produtos bons limpos e justos", com Daniel Coelho de Oliveira, da Unimontes/Slow Food e Welerson Amaro, da Cooperativa Grande Sertão. E a segunda sobre "As mídias digitais e seu uso na comunicação comunitária", com a comunicadora do Projeto Bem Diverso, Andreza Andrade.

A chuva do segundo dia, 19/11, não diminuiu a animação do festival. Pelo contrário, muito comum nessa época do ano, foi muito bem-vinda, pois anuncia o período de plantação. A festa realizada na EFA Nova Esperança foi regada de muita catira, ritmo dançante típico da região, e de partilha de alimentos tradicionais. Um dos convidados especiais foi o violeiro e cantador da cultura popular de Minas Gerais, Wilson Dias, que afirmou seu contentamento em estar num espaço em que se celebra a verdadeira cultura brasileira.

O ponto alto da festa foi a chegada da bandeira de São Francisco acompanhada do grupo de Folia de Reis de Taiobeiras. A bandeira foi carregada pelas dependências da escola, acompanhada de cânticos em homenagens a São Francisco. O fim da caminhada se encerrou com a subida da bandeira no mastro do pátio da escola.

Para o aluno do 2º ano da EFA Nova Esperança, Jonas Alex, o festival é uma oportunidade das comunidades do Alto Rio Pardo mostrarem sua cultura, a valorização da agroecologia e dos saberes locais. "Aqui no evento, celebramos o que somos, a nossa essência de geraizeiros e de camponeses", disse.

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