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FHC diz que etanol não resolve a questão ambiental

Para o ex-presidente, o país não deve apenas buscar novas formas de gerar energia, mas trabalhar formas que evitem as queimadas das florestas brasileiras


O etanol é um produto importante e coloca o Brasil em posição privilegiada na busca global por energias renováveis, mas não é suficiente para solucionar a questão ambiental relacionada ao aquecimento da Terra, disse nesta terça-feira (05-05) o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"O etanol é uma coisa importante que vem acontecendo no Brasil hoje, dispomos de tecnologia, dispomos de terra, dispomos de condições ambientais favoráveis, mas não é a solução de todos os problemas do mundo", afirmou o ex-presidente, lembrando que questões relacionadas ao aquecimento global dependem de um conjunto mais amplo de modos de se produzir energia.

"O etanol não vai substituir o diesel, não vai substituir a querosene do avião, não vai gerar eletricidade, mas ele já tem efeitos positivos no Brasil, já reduziu a poluição aqui, obviamente é uma vantagem, que não é suficiente", acrescentou, após participar da abertura do segundo dia do Ethanol Summit.

Segundo Fernando Henrique, o governo deve adotar um zoneamento para limitar eventuais efeitos negativos da ocupação desenfreada de terras, muitas delas não "apropriadas" para a produção de cana-de-açúcar.

"Se não houver uma combinação entre a grande agricultura e a agricultura familiar... isso tudo requer mais política, mais organização das regras que dizem respeito a isso, quem sabe a criação de uma agência de energia que seja diretamente ocupada dessa matéria", sugeriu o líder do PSDB.

Segundo Fernando Henrique, a experiência bem sucedida com o etanol "abre uma chance para o Brasil desempenhar um papel de liderança na renegociação da questão energética a nível global", mas os atores desse processo precisam se engajar mais.

"A questão energética é estratégica, vamos distribuir o poder do futuro, é uma fase nova na nossa história e não temos um pensamento consistente apoiado por todas as forças do país para que possamos exercer a liderança efetiva no mundo."

De acordo com o ex-presidente, o país não deve apenas buscar novas formas de gerar energia, de uma maneira menos poluidora, mas também trabalhar formas que evitem as queimadas das florestas brasileiras, que colocam o país como um dos principais emissores de gases causadores do efeito estufa.

"Por outro lado, o Brasil vai ser responsabilizado pela emissão de CO2, os gases causadores do efeito estufa, principalmente por causa da queimada das florestas, então temos que ter ação enérgica para reduzir drasticamente ou impedir a queima de madeira, porque isso que traz no nosso caso uma contribuição negativa para o efeito estufa."

O ex-presidente sugeriu ainda, citando uma fala do presidente Lula, de que é necessário mudar uma concepção do Protocolo de Kyoto, "de que se devia dar um subsídio que permitisse a criação de novas florestas."

"É preciso também dar algum incentivo à manutenção das florestas, e temos que ser absolutamente radicais porque nós já destruímos 17 por cento da Amazônia", afirmou.

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