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Fidel diz que a produção de álcool provocará fome

Ditador cubano volta ao debate com condenação a uso do milho para combustível


O ditador cubano, Fidel Castro, responsabilizou nessa quinta-feira (29-03) o presidente George W. Bush por provocar futuramente "a morte prematura de 3 bilhões" de seres humanos, caso siga adiante com seu plano de converter alimentos em combustíveis.

A longa mensagem de Fidel, a primeira desde que transferiu o poder a seu irmão, Raúl, em 31 de julho, para se submeter a uma cirurgia, foi publicada pelo "Granma", jornal do Comitê Central do Partido Comunista.

O dirigente não utiliza o texto de 1.566 palavras para informar sobre seu real estado de saúde ou sua possível intenção de ainda reassumir o poder.

Ele toma como pivô de seu raciocínio a reunião de Bush, na última segunda-feira, com os presidentes das três grandes montadoras americanas, na qual exortou a indústria a aumentar a produção de veículos movidos a álcool ou biodiesel.

Fidel diz acreditar que, por detrás da "sinistra idéia", há o estímulo à utilização de terras agrícolas para a obtenção de combustíveis, em detrimento da produção de alimentos.

Em janeiro, Bush propôs reduzir nos próximos dez anos em 20% o volume da gasolina consumida pelos veículos automotores nos Estados Unidos.

As contas

Pelas contas de Fidel, isso representaria a necessidade anual de 132 bilhões de litros de álcool extraídos do milho. Para tanto, seriam necessárias 320 milhões de toneladas do produto, quantia elevada, já que, segundo a FAO (agência da ONU para a agricultura), a colheita do produto nos EUA em 2005 foi de um volume bem menor, 280 milhões de toneladas.

Fidel não leva a sério a promessa de Bush de não centrar a demanda no milho e procurar outras fontes capazes de fornecer álcool combustível. O ditador dá a entender que os americanos tendem a entrar no mercado de grãos dos países mais pobres, e com isso inevitavelmente forçar a queda na produção de alimentos.

Ele elogia a "excelente tecnologia brasileira para produzir álcool" e diz que a Venezuela, governada por seu aliado Hugo Chávez, não exportará álcool, mas misturará o produto à gasolina por questões ambientais. Em Cuba, no entanto, "as terras separadas para a produção direta de álcool podem ser muito mais úteis na produção de alimentos para o povo e na preservação do ambiente".

A ligação entre esse diagnóstico e a suposta morte prematura de "3 bilhões" de pessoas aparece de modo confuso no texto do ditador. Ele cita telegrama da Telam (a agência oficial argentina), que por sua vez resume estudos da FAO e do Conselho Mundial da Água. Os dados: em 2015 a escassez de água afetará entre 2 bilhões e 3,5 bilhões de pessoas.

Nos dois últimos parágrafos, Fidel cita o derretimento de geleiras na Antártica e os efeitos do aquecimento global. Mas não chega a fechar o raciocínio pelo qual a responsabilidade do presidente americano seja claramente apontada.

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