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Fila fora de época no Porto de Paranaguá força mudanças nas operações


A chuva que interrompe o embarque nos navios e o escoamento recorde de milho no mês de janeiro fizeram a fila de caminhões na BR-277, acesso ao Porto de Paranaguá, no Paraná, chegar ontem a 45 quilômetros de extensão. O congestionamento de quase 1,5 mil carretas ao longo da estrada – atípico nesta época do ano – forçou a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e representantes dos terminais portuários privados a definirem mudanças na forma de recebimento dos veículos. A partir de domingo, os exportadores (produtores rurais e operadores do cais) só poderão mandar caminhões para Paranaguá se houver previsão para escoamento do produto que está sendo enviado.

A decisão foi tomada depois de longas reuniões realizadas durante todo o dia na sede da Appa. Pela manhã, o encontro colocou na mesma mesa integrantes de uma comissão montada no começo do mês pelo Ministério dos Transportes. Além de técnicos do ministério, fazem parte do grupo líderes de caminhoneiros e empresários do setor de transportes. À tarde, o superintendente da Appa, Eduardo Requião, sentou-se com gerentes e diretores das empresas que operam no Corredor de Exportação de Grãos de Paranaguá.

Apesar de a determinação ter data para vigorar, não foram definidas quais as punições para a empresa que não respeitar a medida. Na ordem de serviço elaborada pela Appa, fala-se em proibir que a carreta entre no Pátio de Triagem do porto. Com relação a aplicação de multa – como planeja a comissão do Ministério dos Transportes – nada está acertado.

A formação de filas na BR-277 se repete há pelo menos quatro anos no Porto de Paranaguá, mas dessa vez ela se iniciou mais cedo – o normal é a partir de meados de fevereiro, quando a safra de soja começa a ser escoada. Desta vez, a causa principal é a conjugação de dois fatores: as chuvas que caem desde sexta-feira no litoral do estado e a intensa exportação de milho, não esperada para este mês. Segundo a Appa, até ontem 93,2 mil toneladas do grão tinham sido embarcadas no Porto de Paranaguá – um acréscimo de quase 25% em relação ao mesmo período em 2003.

O preço atual do milho no mercado internacional é considerado bom pelos especialistas. Por isso, avalia o superintentendente da Appa, muitos exportadores resolveram despachar o produto para o porto mesmo sem ter concretizado a venda, ocasionando acúmulo de carretas na estrada.

Outra razão para o problema da fila é que a exportação recorde de milho neste mês coincidiu com o período em que as esteiras que levam grãos dos silos direto para o navio (shiploader) estão em manutenção, para estarem prontas antes do escoamento da safra de soja. Metade dos seis equipamentos passa por reparos.

Na segunda-feira, Eduardo Requião chegou a desconfiar que algumas empresas que operam com grão no porto não estariam recebendo os caminhões, mesmo com espaço nos seus armazéns, com o intuito de prejudicar a imagem da administração portuária. Seria uma espécie de "represália" à decisão do governo estadual de proibir a exportação de transgênicos pelo porto paranaense. Ontem, essa hipótese foi oficialmente descartada, informou a assessoria de imprensa da Appa.

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