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Fim da fiscalização pode agravar greening em SP

O órgão deixou de fiscalizar os pomares, após fim da parceria com o Fundecitrus


O Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” de Cordeirópolis (SP) iniciou nessa terça-feira (12-06) a 29ª Semana da Citricultura, que segue com palestras, exposições e rodada de negócios até esta sexta-feira. Entre os principais temas em torno do segmento, o que se destaca é o greening.

A doença, considerada uma ameaça à produtividade no País, agora está causando mais preocupação em especial ao governo. Com o fim de uma parceria entre o poder público e o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), o órgão deixou de fiscalizar pomares.

O responsável pela inspeção e erradicação da doença passou a ser o próprio citricultor após publicação da Instrução Normativa (IN) nº 32, de 29 de setembro do ano passado. Mas sem contribuição e a devida orientação técnica, o risco de haver um descontrole sobre a doença aumenta. Por isso, na abertura da Semana da Citricultura, a questão foi abordada pelos principais especialistas em Agronomia do Centro e também pelo secretário de Estado da Citricultura, João de Almeida Sampaio Filho.

O secretário também comentou que a citricultura ganhou sustentabilidade ambiental e social, mas que ainda busca a sustentabilidade econômica - o que atualmente está distante da realidade dos produtores em razão da política econômica. “O câmbio (dólar) e o custo da produção são fatores que dificultam o dia-a-dia dos citricultores. Apesar disso, vejo um horizonte promissor para este setor”, afirmou.

Laranja X Cana

Regiões do Estado de São Paulo têm perdido em produção de laranja. O assunto se tornou uma polêmica, que também foi abordada no evento. Limeira, que está sendo alvo do avanço das plantações de cana-de-açúcar ano a ano, em média em 20% é um exemplo. Os fatos, no entanto, não se explicam pelo enfraquecimento do setor, segundo o pesquisador do Centro, Dirceu Mattos Júnior.

Ele observou que está havendo a migração dos pomares, que estão sendo instalados em diferentes regiões. Atualmente Ourinhos, Avaré e Botucatu são os alvos dos investidores. “A laranja não está perdendo espaço para a cana. A laranja está em equilíbrio, produzindo aquilo que o mercado absorve”, disse.

O pesquisador também falou que a Semana da Citricultura tem sua importância e o Centro cumpre seu papel de “Centro de Citricultura” porque mostra a profissionais e empresários do setor as inovações em tratos culturais, tratamentos fitossanitário, controle de pragas e doenças, além do aspecto econômico.

O coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), João Paulo Feijão Teixeira, explica que a migração dos pomares culmina em espaços vazios, onde as usinas têm avançado com a cana. “As plantações migram porque isso é um processo natural. Terras novas têm menos pragas, o clima ajuda, entre outros fatores”, considera.

Já o diretor-geral do Instituto Agronômico do Estado de São Paulo, Orlando Melo de Castro, afirmou que a laranja expandiu sua área de produção no último ano entre 2% e 3% e que a expectativa esse ano é de uma safra também maior. “Sobre a polêmica da cana, o que é possível dizer é que a laranja tem seu espaço e tem um mercado comprador. A situação está estável embora os preços de defensivos sejam altos. Então muitas vezes, eles escolhem mudar de região até para diminuir os custos em defensivos”.

Viveiristas

O prefeito Silvio Félix (PDT) esteve na abertura da Semana da Citricultura e fez pedidos ao secretário estadual de Agricultura. No encontro com o secretário estadual, Félix fez duas solicitações em prol dos citricultores de Limeira.

Um é para que o Estado desburocratize a emissão das guias que os viveiristas são obrigados a pagar, no valor de R$ 28, sempre é comercializada qualquer quantidade de mudas – mesmo que o valor das mudas seja pequeno e não atinja os R$ 28. “Essas guias poderiam ser escalonadas, o que facilitaria a venda das mudas no varejo, beneficiando o citricultor”, esclareceu.

O outro pedido é em relação a determinadas variedades de mudas, que têm baixa comercialização e podem vir a ser extintas em breve, segundo Félix. Ele cita como exemplos a laranja-abacaxi, a pira-lima, a laranja campista e laranja-orvalho-de-mel. “São variedades que não são produzidas em grande escala, que não encontram mercado para a indústria, mas que são de interesse das pessoas para ter em casa para consumo, ou mesmo para cultivar alguns pés no sítio ou na chácara.

A intenção da Prefeitura de Limeira, é que o Estado faça uma parceria com o município para o desenvolvimento dessas variedades. De acordo com o prefeito, um encontro entre ele e o secretário Sampaio Filho deverá ser agendado daqui a 15 dias para discutir os pedidos. Em seu discurso na abertura do evento, Sampaio Filho disse que irá encaminhar as propostas solicitadas pelo prefeito.

Na abertura oficial, também estiveram presentes, além do secretário estadual Sampaio Filho e do prefeito Silvio Félix, o diretor do Centro de Citricultura de Cordeirópolis, Marcos Machado, o diretor do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), Orlando Castro, e o diretor da APTA (Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios), João Paulo Teixeira, além de autoridades do setor e do município de Cordeirópolis.

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