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Fim da renegociação acelera liberação de crédito

Em outubro cresceu o volume de recursos disponíveis para a safra 2006/07


No mês de outubro cresceu o volume de recursos disponíveis para a safra 2006/07. O prolongamento do prazo para a renegociação das dívidas rurais, que se encerrou no último dia 30, ajudou a acelerar a liberação de crédito rural no mês passado, apesar de boa parte do financiamento ter chegado aos produtores após a data limite de plantio de muitas lavouras e de a procura em algumas instituições ter sido menor que em 2005. Dos R$ 7,2 bilhões passíveis de prorrogação - incluindo bancos públicos e privados - R$ 6,8 foram renegociados.

Mas o produtor ainda tem débitos com a iniciativa privada de R$ 8,2 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões com empresas de fertilizantes e defensivos; R$ 3,6 bilhões com tradings e R$ 1,8 bilhão com outros fornecedores. O programa lançado para renegociar esse passivo não avançou por conta da burocracia, que exige que as empresas sejam avalistas dos produtores. Há ainda um montante antigo pendente proveniente dos programas Pesa, Securitização e Recoop, de cerca de R$ 6 bilhões.

Apenas o Banco do Brasil aplicou desde julho R$ 19 bilhões, valor 27,3% maior que o financiado em igual período de 2005. A liberação dos recursos começou a acelerar a partir de outubro. "Até setembro havia um cenário bastante nebuloso (por conta das perspectivas dos preços) e ainda os produtores renegociavam as dívidas, o que represou o crédito’’, disse Rosemeire Cristina dos Santos, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De julho a setembro foram aplicados R$ 8,8 bilhões, 6% menos que no mesmo período de 2005.

"Os limites de crédito foram bloqueados por causa da renegociação", diz Carlos Sperotto, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Segundo ele, foi subtraído dos valores financiáveis o percentual prorrogado da dívida. Opinião semelhante tem o vice-presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Rui Prado. De acordo com ele, a concessão do financiamento estava atrelada à renegociação. "Apesar de a grande maioria ter conseguido renegociar suas dívidas, muitos ainda não obtiveram crédito", diz Prado. Segundo ele, como o prazo para o plantio de soja, principal cultura da região, já se encerrou, concessões de crédito que vierem a ocorrer agora não servirão para alavancar a produção, apenas asseguram o caixa do agricultor - que pode ter conseguido comprar insumos com prazo alongado de pagamento, usando o crédito para bancar os débitos com os fornecedores.

A maior parcela das dívidas prorrogadas ficou com o Banco do Brasil: R$ 5,8 bilhões, totalizando 325 mil contratos rurais que, segundo a instituição, representam 99% do total passível de renegociação. Segundo os cálculos da CNA, no total existiam R$ 7,5 bilhões de dívidas com o banco. "Tem muita gente que não consegue renegociar, às vezes saiu da atividade, se tornou insolvente ou perdeu o prazo para tal finalidade’’, diz Rosemeire. Apesar de o prazo ter se encerrado dia 30, os produtores têm até o dia 29 deste mês para formalizar a prorrogação dos débitos junto aos bancos (registrar cédula em cartório).

De acordo com dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os produtores rurais tinham débitos que podiam ser prorrogáveis no valor de R$ 1,2 bilhões e, deste volume, mais de 80% foram renegociados. "Podem ter ocorrido casos pontuais", diz José Barrada, gerente de Crédito Rural do HSBC. Segundo ele, o banco aplicou as normas, que permitiam a renegociação desde que analisado caso a caso. Com o endividamento, de acordo com Barrada, houve uma retração na demanda pelo crédito. Até o momento o banco aplicou R$ 500 milhões - cerca de 10% menos que no mesmo período de 2005.

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