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Florestas no Paraná vão demandar R$ 1,7 bilhão até 2014

Setor florestal deve atrair investimentos de R$ 14 bilhões até 2014 no Brasil


Setores que usam madeira como matéria-prima precisam aumentar em 24% a área de plantio no país em quatro anos para dar conta da demanda
 

O setor florestal deve atrair investimentos de R$ 14 bilhões até 2014 no Brasil. Desse total, pelo menos R$ 1,7 bilhão deve vir para o Paraná, segundo cálculo da consultoria Consufor, feito a pedido da Gazeta do Povo. Esses maciços florestais serão erguidos para fazer frente principalmente à demanda dos setores que utilizam a madeira como matéria-prima, como os de papel e celulose, painéis, compensados e serrados.

A conta de investimentos feita pela Consufor – uma das maiores empresas de análise do setor florestal do país – leva em conta os investimentos em plantio, manutenção, consultoria, assistência técnica e legal e estudos de impacto ambiental necessários para as florestas. O volume de investimentos projetado para o estado equivale a quase duas vezes o investimento que uma montadora como a Renault pretende fazer na sua fábrica na região de Curitiba nos próximos três anos.

De acordo com estimativas de empresas e consultorias, o país terá de aumentar em pelo menos 1,5 milhão de hectares o volume de florestas plantadas – que hoje cobrem 6,3 milhões de hectares – em quatro anos para fazer frente à demanda crescente. Segundo Ederson de Almeida, diretor da Consufor, somente o Paraná precisará aumentar em pelo menos 120 mil hectares a sua área plantada, principalmente de pínus. As florestas estão concentradas hoje nos municípios do Vale do Ribeira e nas regiões de Jaguariaíva, Guara­puava, Bituruna e Palmas.

Essas “minas verdes” vão fazer frente ao crescimento da produção das indústrias. A madeira das árvores será usada na produção de papel e celulose, painéis e móveis. Vários projetos industriais que foram adiados com a crise econômica começam a ser retomados, principalmente na área de papel e celulose, de acordo com Marcelo Wiecheteck, gerente da área de economia e mercado da STCP Engenharia de Projetos. Grandes empresas, como Suzano, Klabin, Vercacel e Fibria (fruto da fusão da Aracruz com a Votorantim), têm planos de expansão.

Produção

Segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a indústria do setor investirá cerca de US$ 20 bilhões nos próximos sete anos na base florestal e na construção de novas fábricas para elevar a produção de celulose de 13,4 milhões para 20 milhões de toneladas por ano em todo o país.

O setor de painéis de madeira, que produz para a indústria de móveis, é outro que deve puxar a demanda. Os investimentos irão ampliar a capacidade instalada atual de 8,5 milhões de metros cúbicos para 10,3 milhões de metros cúbicos anuais em 2012, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa).

Segundo Almeida, da Consufor, setores que tinham puxado o freio nos últimos anos, como o de compensados de madeira e serrados – afetados pelo câmbio e pela crise nos Estados Unidos – também devem retomar o ritmo. “Hoje essas indústrias utilizam, na média, 60% da capacidade de produção, mas devem retomar mercado a partir de 2011”, afirma.

Demanda

O Paraná tem hoje 853 mil hectares de florestas plantadas, a maior parte (695 mil hectares) de pínus. “Somente de pínus teremos um déficit de produção anual de 3 milhões de metros cúbicos por ano de madeira para suprir a demanda”, prevê.
Alguns estudos, como o do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico Social (BNDES), estimam que a demanda por florestas poderá chegar a 12,8 mi­­lhões de hectares no Brasil até 2020, o que deve forçar a migração de áreas degradadas hoje ocupadas pela pecuária para o plantio de florestas. Para o advogado Tarcísio Araújo Kroetz, do escritório Hapner e Kroetz Advogados e especialista em negócios florestais, a necessidade de suprimento de madeira também está impulsionando os estudos na área de genética para ampliar a produtividade das florestas. “Mais do que na área do capital, a batalha das empresas é na tecnologia”, afirma.

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