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FMC deverá ser a 5ª maior em participação no mercado

Estratégia da empresa é a de concentrar seus recursos no segmento agrícola


Ronaldo Pereira é o vice-presidente da FMC. Com mais de 20 anos de experiência no setor e grande vivência no mercado nacional e internacional de defensivos. Possui graduação em Engenharia Agronômica pela UEL e pós-graduação em Marketing.
 
1. A FMC tem uma longa história desde sua fundação. Chegou ao Brasil em 1950 e desde então se estabeleceu fortemente no mercado. Seguindo essa história, quais foram os principais avanços tecnológicos no campo implantados pela FMC e como a empresa está ligada a implantação da Agricultura 4.0 no Brasil?
 
A FMC foi pioneira em tecnologias como tratamento de sementes (TS), controle de plantas daninhas em pré-emergência e introdução de piretroides, então um ganho importante na diminuição de doses e na segurança ao aplicador. Desde então, seguimos sempre inovando e trazendo novas alternativas para o produtor: produtos biológicos, incluindo nematicidas para uso em TS, o primeiro fungicida com três ingredientes ativos, cada um com um modo de ação distinto, formulações microencapsuladas com liberação controlada e diminuição de perdas, armadilhas para monitoramento e controle de bicudo no algodoeiro, enfim, uma série de produtos e tecnologias que têm contribuído para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. Além dos produtos, temos também desenvolvido um conjunto de serviços que visam melhorar a gestão no campo, como por exemplo, a tecnologia Tecnocalda/Smartcalda, que são equipamentos que permitem um salto na qualidade, precisão, eficiência e segurança no preparo de caldas de aplicação. Temos investido também no desenvolvimento do produtor com iniciativas que vão de cursos de alta gestão até peças teatrais levadas a crianças e escolas para promover a conscientização sobre os cuidados para o uso de nossos produtos. Neste contexto, a digitalização da agricultura é mais um passo de transformação e evolução onde certamente há campo fértil para o desenvolvimento de muitas iniciativas conjuntas com nossos clientes.
 
2. O mercado de defensivos está sofrendo fortes mudanças nos últimos anos e a FMC está participando deste movimento com a incorporação de alguns ativos da Dupont. Qual será o direcionamento da estratégia da empresa com a chegada de centros de pesquisa e novas moléculas para o portfólio? Qual será o Market Share da empresa após esse movimento?
 
É esperado que, mundialmente, a FMC Agricultural Solutions saia da 8ª posição antes da integração para a 5ª após a vinda dos produtos ainda em 2018, saltando para algo em torno de 7% a 8% de participação de mercado. A estratégia da empresa é a de concentrar seus recursos no segmento agrícola – em breve seremos uma empresa 100% dedicada à agricultura – de forma a aumentar os investimentos em P&D que nos permita estar na vanguarda da inovação em proteção de cultivos. Além do foco exclusivo, a estratégia passa por sermos uma empresa de proteção de cultivos que integra tanto químicos, como biológicos em um programa de manejo que proteja tanto as tecnologias quanto o ambiente e os alimentos. Queremos ser reconhecidos como uma empresa que ajuda a conciliar as necessidades do agricultor, de produtos eficientes e confiáveis para fazer frente aos desafios agronômicos que surgem diariamente, e os anseios da sociedade no sentido de contar com uma produção de alimentos que seja responsável com o meio ambiente, com os trabalhadores e com o consumidor. Vários destes desafios estão expressos, de uma forma ou outra, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com os quais nos alinhamos e cujos desafios abraçamos.
 
3. Foi relatado um aumento do uso de fungicidas, principalmente na cultura de soja na última safra. Como a FMC tem visto esse mercado e quais são os principais problemas que as lavouras brasileiras estão enfrentando?
 
A incidência de pragas e doenças é algo cíclico. Várias doenças são conhecidas e se apresentam todos os anos, mas o grau de incidência e a demanda de controle variam de ano para ano. Quando se fala em fungicidas no Brasil, não há dúvidas que o vetor mais forte do mercado é a ferrugem da soja. A FMC se insere neste contexto buscando oferecer produtos alternativos que não sobrecarreguem as poucas tecnologias atuais, de forma a prolongar a vida útil destes produtos. Além disso, estamos em fase avançada de desenvolvimento de dois novos produtos para a soja, que incluem um novo ingrediente ativo, ainda não comercializado no Brasil. Trata-se, portanto, de mais uma inovação.
 
4. De modo geral o Brasil caminha lentamente para uma recuperação e crescimento sendo o setor agrícola um dos maiores responsáveis por isso. Até o presente momento, como foi esse cenário de 2017 para a FMC?  E quais alternativas financeiras estão sendo dadas aos consumidores para contribuir para a recuperação do setor, visto que há problemas com o crédito rural?
 
O ano 2017, de fato, tem sido um ano positivo apesar dos desafios. Temos conseguido crescer em vários segmentos, melhorando ao mesmo tempo, a qualidade do nosso negócio. O setor agrícola é pujante e competitivo no Brasil, mas não é imune aos ciclos e às crises. Às vezes toda a cadeia trabalha com margens muito reduzidas ou até nulas para atravessar um período menos favorável, na confiança que um novo ciclo de crescimento surja, o que normalmente é o caso. Nossa presença no agro não depende do momento: estamos sempre atuantes neste setor, seja nos momentos difíceis ou favoráveis. Os players que entram e saem do setor com frequência, tentando selecionar apenas os momentos favoráveis, normalmente causam uma distorção bastante grande em toda a cadeia de valor. Nossa filosofia é bastante diferente disso.
Nossa tradição é de sempre estar ao lado do produtor, ouvir o seu momento e sugerir e trabalhar em prol do seu desenvolvimento. Alternativas financeiras estão sempre nesse ponto de discussão e intensificamos esforços para oferecermos novas soluções financeiras. A FMC oferece serviços e ferramentas que se adequem no dia a dia do produtor levando em conta sua demanda como, por exemplo, LCA e CDA/WA. Recentemente, iniciamos uma nova operação chamada Risco Sacado para auxiliar neste momento de ajuste de mudança do processo do crédito rural. O barter tem sido uma das ferramentas eficientes, pois dá garantia para ambas as partes e hoje já contempla 20% do nosso faturamento. 
 
5. Nos últimos anos, houve um aumento da resistência de algumas pragas aos defensivos aplicados em campo, tanto aqui no Brasil como em outros países como os Estados Unidos. Como isso está impactando no mercado nacional e internacional de defensivos e quais medidas estão sendo tomadas para minimizar este problema?
 
No Brasil temos duas características que mantêm o ambiente agrícola em constante transformação: clima tropical e ponte verde (permanência de grandes áreas cultivadas durante todo ano) isso faz com que tenhamos as condições favoráveis para o aparecimento de resistência e a complexidade de controle de pragas e doenças.
Para conviver com estes problemas, é necessário trabalhar em ao menos três frentes: o desenvolvimento de produtos que sejam alternativas viáveis, o foco do agricultor e da assistência técnica em monitorar e controlar o problema desde o início e o uso de estratégias múltiplas de controle que incluam rotação de produtos, de culturas, manejo de ciclo de plantio, combinação de químicos e biológicos, entre outros. Ou seja, conhecimento técnico aplicado e foco e consciência no enfrentamento dos problemas.
Na FMC, tentamos nos antecipar e desenvolver produtos e programas de manejo que sirvam ao agricultor antes mesmo de um problema de resistência ser amplamente reconhecido. Tem sido assim com nossos herbicidas pré-emergentes, por exemplo, com os quais desenvolvemos todo um programa de manejo de plantas daninhas tolerantes e resistentes quando esse assunto ainda não havia ganhado força no campo. Hoje esse é um problema sério e reconhecido, e já contamos com um programa disponível para o agricultor.
 
6. Além das atuais fusões e compras de empresas de defensivos, o mercado está passando por fortes mudanças, desde o banimento de moléculas na Europa, a situação ambiental na China e os altos estoques no Brasil. Como você avalia a situação atual e quais impactos podem causar no curto e médio prazo no mercado nacional? 
 
As pressões regulatórias na Europa e na China visam atender anseios da sociedade e, desde que sejam exercidas à luz do conhecimento científico e com regras claras e isonômicas, são evidentemente legítimas. Há, contudo, consequências, como o menor número e volume de produtos disponíveis ao produtor. Isso leva a aumentos de custo que impactam toda a cadeia de produção de alimentos. O cenário atual aponta para essa direção e todos os participantes desta cadeia de valor (inclusive nós da FMC) serão impactados de alguma maneira, seja pelos custos maiores, seja pela restrição de produtos. É um movimento contrário à longa tendência anterior de queda de preços e abundância de fornecimento.
Quanto às fusões e aquisições, realmente estamos vivendo um momento de atividade muito intensa neste campo. A FMC soube aproveitar esse momento realizando um movimento bastante estratégico em uma indústria em constante mudança e consolidação. Estamos nos concentrando no próximo nível de inovação, equilíbrio geográfico e alcance global, que abrirá oportunidades e um grande potencial de crescimento. A aquisição que realizamos beneficiará nossos funcionários, clientes, acionistas e outras partes interessadas enquanto continuamos desenvolvendo e fornecendo soluções de proteção de cultivos em nível mundial, nos fortalecendo ainda mais como uma empresa de tecnologia de ponta, enquanto mantemos e aumentamos ainda mais nossa principal característica, que é ser uma empresa ágil, próxima e totalmente orientada ao agricultor.
 
Sobre a FMC
 
Foi fundada em 1883, quando o norte-americano e inventor aposentado John Bean criou uma bomba pulverizadora para a aplicação de defensivos agrícolas. Nos dias atuais, conta com uma extensa linha de produtos para controle de pragas, plantas daninhas e doenças em culturas como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz, frutas, hortaliças, café, fumo. No Brasil atua desde 1950 e está está presente em: Campinas, Goiânia, Ribeirão Preto, Uberaba e Londrina.

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