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Foco no carbono pode desproteger a Amazônia 

"Biodiversidade precisa ser tratada também como foco central desses esforços”


Um estudo produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com o Centro de Meio Ambiente da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, indicou que proteger a Amazônia focando apenas na conservação dos estoques de carbono pode ser prejudicial. Segundo a pesquisa, essa prática pode criar lacunas de até 75% na proteção de espécies presentes em florestas tropicais. 

A conclusão dos pesquisadores foi de que a injeção de carbono nas florestas bastante danificadas aumentava a biodiversidade do local, o que não acontecia com as mais preservadas. De acordo com Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e principal autora do artigo, é preciso se fazer além do que vem sendo praticado, com a preservação da biodiversidade se tornando o centro das atenções. 

“Proteger os estoques de carbono das florestas tropicais deve permanecer um objetivo central em políticas de conservação e restauração florestal. No entanto, para garantir a manutenção da riqueza de espécies dessas áreas, a biodiversidade precisa ser tratada também como foco central desses esforços”, comenta. 

Durante a pesquisa foram analisadas florestas primárias com pouca ou nenhuma intervenção humana, áreas com extração de madeira, floresta com extração de madeira e queima e aquelas que já passaram por intervenções e estão se recuperando. Segundo Ferreira, o aumento do carbono garante a recuperação da exploração, mas o desenvolvimento do bioma depende também de outros fatores.  

“Isso acontece porque nas áreas onde a ação humana é mais intensa, a perturbação é o principal fator que dirige as características das áreas. No entanto, em uma floresta sem ação humana, por exemplo, os fatores que governam as características das plantas e dos animais são diversos, como o tipo de solo, a luminosidade, as chuvas, a competição entre espécies e outros. Por isso, nesse caso, carbono e biodiversidade não são correspondentes”, conclui. 

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