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Frango: melhora no preço não elimina defasagem em relação ao custo

A velocidade de aumento dos preços diminuiu tanto nos EUA como aqui e, em alguns casos, registra-se até ligeira queda em relação a períodos anteriores


Notícias sugerindo a estabilização de preços das matérias-primas como as divulgadas em clipping, ontem, pelo AviSite (vide “ Alta dos grãos perde fôlego em agosto ”), deixam a falsa impressão – especialmente em quem não tem intimidade com a produção animal – de que as dificuldades enfrentadas pelos criadores estão superadas.

Não é bem assim. A velocidade de aumento dos preços diminuiu tanto nos EUA como aqui e, em alguns casos, registra-se até ligeira queda em relação a períodos anteriores. Mas a alta variação no decorrer do tempo persiste, corroendo, no caso aqui analisado, a anterior capacidade aquisitiva do frango produzido no Brasil. A tabela abaixo deixa isso muito claro.


Mesmo com as altas mais recentes, nos últimos 12 meses o valor recebido pelo frango vivo evoluiu 15%, enquanto o preço pago, por exemplo, pelo farelo de soja evoluiu 116%. É verdade, neste caso, que o incremento de preço do milho (+11%) foi menor que o do frango (+15%) mas, em contrapartida, nos últimos dois anos os reajustes de preços do milho somam 64%, contra menos de 50% do frango. E o farelo de soja permanece com mais do dobro do custo de dois anos atrás.

O principal efeito disso pode ser observado no “pacote” de milho e farelo de soja montado pelo AviSite e contendo três para uma partes das duas matérias-primas, como ocorre nas rações comerciais para frangos. Como se constata pelo gráfico, tanto em agosto de 2010 como em agosto de 2011, frango vivo e “pacote” se equivaliam. Assim, por exemplo, uma tonelada de frango vivo permitia adquirir cerca de uma tonelada do “pacote” contendo três partes de milho e uma parte de farelo de soja.

Em agosto corrente, com a fortíssima desaceleração da oferta (reflexo da impossibilidade de manter-se a produção anterior devido ao alto custo de arraçoamento), a cotação do frango vivo já evoluiu mais de 25%. Mas isso não representa “refresco” para o produtor: para adquirir o mesmo volume de milho e farelo de soja de um ou dois anos atrás ele, agora, precisa 27% mais frangos.


Esse adicional – ressalve-se e destaque-se – considera que o frango atualmente produzido tenha o mesmo peso do frango abatido um ano atrás. Mas como, para recuperar preço, o setor vem antecipando os abates e com isso reduzindo o peso médio das aves produzidas, a proporção se torna bem maior.



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