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Frigoalta suspende abates em várias unidades

O quinto maior frigorífico do País, o Frigoalta, encerrou temporariamente os abates em diversas unidades


O quinto maior frigorífico do País, o Frigoalta, com sede administrativa em São José do Rio Preto (SP), encerrou, temporariamente, os abates em Guararapes (SP), Jataí (GO), Ariquemes (RO) e Canarana (MT). A demissão de funcionários nessas unidades nesta semana não deixa dúvidas que a empresa suspendeu as atividades nesses municípios.

Até agora, o Frigoalta consegue manter em operação as plantas de Cachoeira Alta (GO) e Pontes e Lacerca (MT), além da unidade de desossa em Guararapes. Mas, com a notícia da crise, a empresa já enfrenta dificuldade para comprar bois para abastecer as indústrias ainda em operação.

Os problemas do Grupo Aderbal Arantes começaram em 2004. O primeiro foi a acusação de cartelização na compra de boi no município matogrossense de Água Boa, o que motivou a abertura de um processo pela Secretaria de Direito Econômico (SDE).

Na raiz desse processo, está o arrendamento de um frigorífico no município de Água Boa feito pelo empresário José Nazareno França, da Franco Fabril. O problema é que, mesmo pagando pelo aluguel, o empresário manteve paralisado o frigorífico. Na época, o Sindicato Rural de Água Boa descobriu que por trás do negócio estava Aderbal Arantes, do Frigoalta. O arrendamento seria uma forma do empresário - que abatia na vizinha cidade de Canarana - evitar a entrada de outros concorrentes na região. O processo ainda não foi encerrado (o Frigoalta foi também uma das empresas acusadas de combinar o deságio na compra de bois pelo Conselho Nacional de Pecuária de Corte no início deste ano).

Além disso, a empresa passou a ser investigada pela receita federal e o INSS. Porém, não foi este processo e nem a fiscalização que afetaram aparentemente a saúde da empresa. O que teria tirado o fôlego do Frigoalta, segundo alega o empresário, foi a intervenção no Banco Santos, onde a empresa manteria US$ 4 milhões aplicados. Com dinheiro preso, o Frigoalta teria ficado sem capital de giro e começou a atrasar o pagamento dos bois no final de 2004.

Como a notícia do atraso se espalhou rapidamente, muitos pecuaristas, com medo de levar calote, deixaram de entregar os bois ou passaram a exigir pagamento à vista. Assim, com dificuldade para comprar bois, os abates foram encolhendo e a empresa teve que suspender as exportações, o que teria agravado a situação.

Reuniões:

Para convencer os produtores de que a crise de liquidez era temporária, Aderbal Arantes, pessoalmente, se reuniu com os produtores de Jataí, Canarana, Ariquemes e Guararapes para expor a situação financeira da empresa, mas, mesmo prometendo pagar a dívida, não conseguiu convencer os pecuaristas.

Em Jataí, o presidente do Sindicato Rural, Mouzart de Carvalho, conta que o empresário cometeu um erro. Na primeira reunião, ofereceu bens em garantia para parcelar a dívida, mas, quando os produtores aceitaram, voltou atrás, dizendo que, assim que conseguisse vendê-los, ele os pagaria. Como o empresário não entrou mais em contato e nem atende em seu escritório em São José do Rio Preto, o Sindicato Rural de Jataí estuda que medida tomar, enquanto levanta o total devido pelo Frigoalta na região. Estimativa preliminar indica uma dívida de R$ 5 milhões para aproximadamente 100 pecuaristas na região. "Como a empresa não se manifesta, os produtores pedem uma ação mais enérgica e podem entrar com pedido de falência", informa Carvalho.

Em Canarana, Marcos Rosa, presidente do Sindicato Rural, estima que a dívida do Frigoalta, na região, chegue a entre R$ 5 a R$ 6 milhões para aproximadamente 100 produtores. "Apenas em Canarana, a dívida chega a R$ 1,5 milhão", informa. "Mas nós não sabemos ainda que medida tomar. O primeiro caminho é negociar. A justiça é o último recurso", diz. "É que, se recorrermos à justiça, não sabemos quando vamos receber. Eu, por exemplo, consegui fazer acordo com o Grupo Torlim, que também quebrou, e recebi. Quem entrou na justiça, não recebeu", pondera.

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