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Frigorífico: Demissões podem ultrapassar 300 em outubro numa planta

Sindicato afirma que esta é a maior ‘enxurrada’ de demissões registrada


O ritmo das demissões na indústria frigorífica de Mato Grosso continua acelerado. Somente uma empresa, o frigorífico Quatro Marcos, já demitiu 120 funcionários por conta da paralisação dos abates. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Várzea Grande e Cuiabá (Sintia), 100 rescisões já foram homologadas na entidade e outras 20 estão previstas ainda para esta semana.

O presidente do sindicato, Valdeci Santos de Paulo, informou que além dessas 120 rescisões, outras 200 homologações serão feitas a partir de 1° de outubro, totalizando 320 demissões. “Estamos preocupados, pois estes trabalhadores não terão para onde ir após os acertos”, disse Valdeci.

Segundo ele, a justificativa da empresa é que “não existe matéria-prima [boi] para abate”. Ele acredita que esta foi a maior “enxurrada de homologações” de uma única empresa este ano. “Não temos informações de que outra empresa tenha demitido tantos trabalhadores”.

A reportagem fez contato ontem com a Assessoria de Imprensa do grupo, em São Paulo, mas não obteve retorno.

Como antecipou o Diário, quatro plantas estão com as portas fechadas e as estimativas são que aproximadamente 3 mil trabalhadores serão demitidos até o próximo mês. Estão suspendendo as atividades no Estado as plantas do frigorífico Margen, em Barra do Graças (506 quilômetros ao oeste de Cuiabá) e outras três do frigorífico Quatro Marcos, a maior em atuação em Mato Grosso.

SINDIFRIGO – O presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luís Antônio Freitas Martins, atribui a situação à falta de gado para movimentar a planta de Quatro Marcos (a 315 quilômetros ao oeste de Cuiabá). “Sem matéria-prima, não tem como trabalhar e qualquer empresa é obrigada a parar”, disse ele.

Luís Antônio afirmou que a indústria passa atualmente por uma situação muito difícil com a falta de matéria-prima. “Vemos a situação com tristeza, mas acreditamos que o frigorífico Quatro Marcos irá se recuperar, uma vez que é um grupo forte e tem compromisso com Mato Grosso”.

Segundo o presidente do Sindifrigo, o momento para o setor “é muito delicado” e exige bastante cautela por parte da indústria.

“Os frigoríficos estão trabalhando com menos de 70% da sua capacidade de abate e operando com uma escala curtíssima, no máximo dois dias. Isto é muito ruim para o setor e quem perde com isso é toda a cadeia da pecuária”.

Luís Antônio informou que, além da falta de boi gordo no mercado, os preços estão elevados e as contas não fecham.

COTAÇÃO - De acordo com o Centro de Comercialização de Bovinos (Centro-Boi) da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado, a cotação se mantém estável há duas semanas em R$ 82 nas regiões de Cuiabá, Rondonópolis e Barra do Garças. Nas regiões da Grande Cáceres e no norte do Estado, a arroba do boi gordo estava sendo comercializada ontem por R$ 81.

Na avaliação do Sindifrigo, esta cotação está acima da realidade. “Os preços estão muito altos, enquanto a carne está em baixa. Os contratos são curtos e, cada vez mais, as exportações são menores em volume físico. Os importadores não estão querendo pagar o preço que os frigoríficos precisam e já estamos no vermelho”, reclamou Luís Antônio.

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