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Frigorífico recua e não deve demitir em Mato Grosso


O frigorífico Margen decidiu rever a demissão de 11 mil funcionários, prevista para ser efetivada hoje, nas 21 unidades da empresa em oito estados brasileiros, dentre eles Mato Grosso onde não devem haver demissões.

Depois de reunião que durou mais de duas horas no Ministério do Trabalho, os representantes da empresa se comprometeram a reduzir para 500 o número de funcionários demitidos em quatro unidades do frigorífico, mas o governo já adiantou que vai lutar para evitar demissões na empresa.

"Estamos entrando em contato com os proprietários dessas unidades. Fechar uma empresa dessas é fechar uma oportunidade de novos negócios", disse o ministro interino do Trabalho, Alencar Ferreira.

As atividades estão parcialmente paralisadas em todas as unidades do frigorífico há 30 dias, desde que oito sócios e diretores da empresa foram presos, acusados de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

As irregularidades no grupo Margen, que é considerado o segundo maior frigorífico do País, vieram à tona no ano passado, durante a operação Perseu, da Polícia Federal. Os empresários foram libertados no dia 30 de dezembro, mas mantiveram a ameaça de demitir todos os funcionários caso não haja diálogo com o governo para negociação.

O ministro interino do Trabalho garantiu aos empresários que entrará em contato com a Casa Civil e demais órgãos do governo, a fim de que seja criada uma interlocução para a empresa negociar as dívidas.

Além de garantir pelo menos 10.500 empregos, os empresários do frigorífico se comprometeram a retomar as atividades a partir de amanhã em todas as unidades do grupo Margen. As 500 demissões estão previstas para ocorrer nas unidades arrendadas pela empresa nos municípios de Aiporé (Goiás), Hidrolândia (Goiás), Paraíso (Tocantins), e Senador Guiomar (Acre).

O ministro Alencar Ferreira ressaltou, no entanto, que o grupo Margen deve esclarecer as irregularidades levantadas pela Polícia Federal na Justiça. Mas disse acreditar que fechar as portas não é a solução ideal para a empresa neste momento. "O espírito empresarial deles talvez tenha imperado nessa decisão de retomada das atividades imediatamente e de suspensão das demissões discutidas. Fizemos esse compromisso e demos um puxão de orelha neles, para que retornem às atividades com responsabilidade social e legal", garantiu o ministro.

O advogado do grupo Margen, Aibes Alberto da Silva, admitiu que a decisão da empresa de rever mais de 10 mil demissões está diretamente ligada à libertação dos diretores e sócios do frigorífico, na semana passada. "Nossas contas foram bloqueadas e isso impediu nossas atividades normais. Conseguimos desbloquear as contas na Justiça, até porque a intenção da Polícia Federal e do Ministério Público jamais foi a de cessar as atividades das empresas. A empresa é gerida por diretores e sócios, e todos estavam presos. Quando foram soltos, eles voltaram a manter contato com os bancos, fornecedores e pecuaristas", esclareceu.

Na avaliação do diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CNTA), Edvard Pereira de Souza, a solução encontrada para as demissões é satisfatória. "Se considerarmos que 11 mil pessoas seriam demitidas, a decisão foi muito boa. Lamentamos pelos 500 funcionários que podem ser dispensados, mas salvamos 10.500. Por isso pedimos que todos os trabalhadores voltem para as suas unidades e retomem as atividades", enfatizou.

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