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Frigoríficos de SC preocupados com aftosa na Argentina

Com os casos na Argentina, empresas temem que Rússia demore a liberar compra



A confirmação de um foco de febre aftosa nesta semana na Argentina ampliou a preocupação dos frigoríficos catarinenses com a manutenção de mercados internacionais. O maior temor continua sendo em relação à retomada dos embarques para a Rússia, suspensos em 13 de dezembro de 2005. "A previsão era voltar a vender em janeiro. Mas até agora não tivemos nem a resposta deles sobre a aftosa no Paraná. Agora os russos podem estender o embargo por mais tempo", avalia o diretor-executivo do Sindicarnes (reúne produtores e exportadores de carnes), Ricardo Gouvêa.

O vice-presidente da Aurora, Mário Lanznaster, concorda que o futuro das exportações de carnes catarinenses vai depender basicamente do posicionamento da Rússia em relação à reabertura das compras no Rio Grande do Sul, previsto para ocorrer na semana que vem. "Abrindo lá, Santa Catarina pode voltar a exportar em duas semanas. Tudo depende de como os russos vão interpretar a situação. O foco de aftosa está muito próximo do Brasil e eles costumam avaliar as condições sanitárias de todo o continente", explica Lanznaster.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, disse que a aftosa no país vizinho causou um constrangimento para as empresas brasileiras perante os clientes internacionais. "Isso se tornou uma arma que alguns países podem usar para formar novas barreiras comerciais que levam em consideração o aspecto técnico", avalia o dirigente.

Para o engenheiro agrônomo do Centro de Estudos de Safras e Mercados da Epagri (Icepa), Julio Rodigheri, a aftosa na Argentina pode significar a perda de importantes mercados internacionais mantidos pelo país vizinho e, indiretamente, beneficiar os frigoríficos brasileiros. "O Brasil pode assumir estes mercados, desde que resolva em definitivo os problemas da aftosa. Do ponto de vista da União Européia o Paraná não resolve o problema até não realizar o abate do gado suspeito", diz Rodigheri.

Divisão

Para José Zeferino Pedrozo, que acumula os cargos de presidente da Faesc e de diretor da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), o surgimento do foco de aftosa na Argentina representa menor oferta de carne no mercado internacional, já que o país fica impossibilitado de exportar. "Nessas circunstâncias, cresce a importância relativa do Brasil que, teoricamente, pode ser beneficiado.A Rússia, por exemplo, que compra muita carne da Argentina, pode acelerar o fim do embargo ao Brasil e retomar as compras de carne brasileira", expõe Pedrozo.

Por causa do veto russo que vigorou em 13 de dezembro de 2005, os frigoríficos exportadores passaram a ter problemas para escoar a produção destinada ao mercado internacional. Sem estrutura para armazenagem em Santa Catarina, a Aurora está levando cargas de carnes e derivados para São Paulo e pagando alto pela estocagem. A empresa é uma das maiores abatedoras de suínos do Estado e tem como meta exportar 30% da produção global de aves e suínos ao longo de 2006. "A meta ainda pode ser alcançada se a Rússia retomar as importações", avalia Lanznaster.

A receita obtida pelo Brasil com exportação de carne suína bateu recorde histórico e encerrou o ano passado com US$ 1,167 bilhão, um crescimento de 50,36% em relação ao ano anterior (US$ 776 milhões). O Brasil exportou 625.075 toneladas para cerca de 70 países, registrando aumento de 22,62% em relação a 2004.

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