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Frio pode levar quilo do café a R$ 10 em Minas Gerais


O atraso de pelo menos 30 dias na colheita em razão das chuvas, a queda de temperatura e a ameaça de geada no Sul de Minas foram suficientes para encurtar o prazo entre a oferta e a procura pelo café, elevando, dessa forma, o preço da saca de 60 quilos em cerca de 7%. O salto, de R$ 228,00 na última sexta-feira, dia 21, para R$ 245,00, preço de ontem, já fez com que os torrefadores estimassem uma elevação no custo do produto na gôndola. Alguns já estão apostando que o consumidor pague pelo menos 14% a mais pelo quilo do pó.

“Tivemos repique de preço na saca duas vezes nesta semana e se essa situação persistir, vai acabar refletindo no preço final. Não vai ter como o varejo segurar, e o custo pode subir da média atual de R$ 7,00 por quilo para R$ 8,00, e bater até em R$ 10,00", afirmou o produtor e torrefador da Fazenda Novo Horizonte, em Piumhi, Centro Oeste de Minas, Aldo José Costa. Se o preço chegar a R$ 10,00, a alta será de 42,8%.

Outro que também acredita haver uma margem para aumento é o assessor da Cooperativa dos Produtores de Café de Guaxupé, a Cooxupé, Otto Vilas Boas. “Há dez anos, o quilo do pó de café custava um dia de salário mínimo. Isso não acontece hoje. O preço está bem abaixo do praticado no passado", salientou. Já o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha, Oswaldo Henrique Paiva Ribeiro, acha que é prematuro prever um aumento no preço final do café torrado e moído. “A florada atrasou, mas temos uma boa safra para este ano, de 36 a 40 milhões de sacas, contra 30 milhões no ano passado", afirmou Ribeiro.

De acordo com Otto Vilas Boas, se houver geada, o preço da saca não recua. Aldo Costa concorda com ele: “O preço da saca deve oscilar entre R$ 200,00, o produto para consumo interno, e ir ao teto de R$ 300,00. Se isso acontecer e houver reflexo na ponta, o consumidor vai ter um produto mais caro, mas, em compensação, de melhor qualidade, porque o café tipo exportação também entra para o mercado interno", avaliou.

Revisão de safra

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revisou para baixo a estimativa de safra para 2004 e o resultado do ano deve ser inferior ao de 2003. Segundo dados de abril do instituto, a produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas deve somar 120,9 milhões de toneladas neste ano, o que significa uma queda de 2,2% em relação a 2003 (123,6 milhões de toneladas). Até março, o IBGE previa safra recorde de 125,5 milhões para 2004. A redução de 4,6 milhões de toneladas na estimativa de safra para o ano se deve, em grande parte, à quebra da colheita de soja.

Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE de abril, entre os produtos analisados, apresentaram estimativa de queda na produção de 2004, em relação ao ano anterior, o feijão em grão 1ª safra (-0,27%), feijão em grão 3ª safra (-18,62%), milho em grão 1ª safra (-6,65%), milho em grão 2ª safra (-19,81%) e soja (-2,83%). Já os produtos que apontaram crescimento na estimativa de safra são: o algodão herbáceo em caroço (+54,61%), arroz em casca (+25,30%), feijão em grão 2ª safra (+3,71%), sorgo (+6,99%) e trigo (+1,16%).

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