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Fungo reduz necessidade de fertilizante na soja

Descoberta pode render um novo biofertilizante que disponibiliza às plantas o fósforo presente no solo


Foto: Eliza Maliszewski

Milho, soja e cana-de-açúcar são as culturas que recebem a maior parte dos fertilizantes fosfatados empregados no Brasil.  O fósforo é fundamental para produzir energia para a planta, fazer a fotossíntese e respiração. Os solos brasileiros têm alta concentração desse elemento mas a disponibilidade para as plantas é baixa. Elas só conseguem absorver entre 10% e 40% do total do mineral aplicado ao solo. 

O que promete mudar isso é um elemento natural encontrado na Floresta Amazônica. Diversas linhagens do fungo Trichoderma, aplicadas com duas fontes de fósforo, promoveram o crescimento na soja. Em outra reportagem mostramos as qualidades do fungo para a agricultura.

Absorção aumenta 141%

Plantas de soja foram inoculadas com Trichoderma e cultivadas no solo em casa de vegetação. Como resultado, 19,5% das cepas isoladas de Trichoderma foram capazes de solubilizar o fósforo e, assim, facilitando a absorção pela planta. O método elevou o crescimento da soja em até 41% e a eficiência de absorção de fósforo de até 141%. “O uso de microrganismos solubilizadores de fosfato é uma estratégia sustentável e promissora para gerenciar essa deficiência em solos agrícolas”, afirma o pesquisador da Embrapa Itamar Melo. 

Pode virar biofertilizante

O experimento pode resultar em um biofertilizante que atuará como inoculante em tratamento de sementes ou aplicação direta no solo. Os bioinoculantes de Trichoderma são formulados à base de estruturas do fungo, geralmente por esporos. Servem para diversas culturas, desde hortaliças até soja, milho e feijão. Entre os benefícios está o potencial de germinação e o crescimento inicial das plantas, além de gerar economia com aplicação de fertilizantes e sustentabilidade na produção com melhoria das condições do solo.

O biofertilizante tem potencial extraordinário de colonizar o sistema radicular e a rizosfera, requisito básico para que o microrganismo se estabeleça e promova o crescimento das plantas, aumentando o suprimento de fósforo. "Para futuro produtos, a escolha da tecnologia de aplicação do fungo dependerá do desenvolvimento de formulações. Nesse caso, ainda não dispomos de uma formulação padronizada", explica o pesquisador. 

O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP) e está publicado na conceituada revista Scientific Reports, membro da Nature, e pode ser conferido na íntegra neste link.
 

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