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Furlan aceita voltar à Sadia após seis anos


Após o escândalo financeiro que culminou em prejuízo de R$ 760 milhões, a Sadia S.A. comunicou ontem o retorno de Luiz Fernando Furlan à companhia no cargo de presidente do Conselho de Administração, no lugar de Walter Fontana Filho, que ocupava o cargo desde 2005. "O Walter vinha passando por momentos muito turbulentos e de muito estresse na companhia. Por isso fui convidado a assumir o cargo", resume Furlan. Além de Fontana, também pediram renúncia do cargo Eduardo Fontana d"Avila, vice-presidente do Conselho.

O ex-ministro de Indústria e Comércio Exterior (MDIC) procurou mostrar confiança na recuperação da companhia e dar garantias ao mercado de que falhas financeiras não voltarão a ocorrer. "A Sadia voltará às suas origens. Vai operar como uma indústria, com foco em inovação de produtos, não em operações financeiras", afirmou Furlan.
Questionado sobre a apuração de responsabilidades no caso da alta alavancagem da empresa a posições de hedge cambial, o executivo adiantou que a KPMG fez ontem apresentação preliminar ao Conselho pela qual se pode antever que houve conivência de funcionários da empresa que tinham conhecimento da operação de alto risco para que a informação não chegasse ao diretor financeiro da companhia e, conseqüentemente não levasse o problema ao Conselho de Adminis-tração. "O diretor-financeiro achou que poderia recuperar as perdas e, por isso, não levou a operação ao presidente do Conselho. Quando isso aconteceu, o problema já tinha assumido gravidade maior. Se tivesse sido resolvido alguns dias antes, os prejuízos teriam sido muito menores", relatou Furlan. Ele garantiu que do que foi apurado até agora pela KPMG não há nenhum indício de que o Conselho de Administração tinha algum tipo de conhecimento da operação .

Furlan diz que está defendendo que a diretoria financeira da empresa seja reportada diretamente à presidência executiva já que atualmente se reporta ao Conselho de Administração. "Não sabemos ainda a velocidade dessa mudança. Estamos neste momento procurando preencher os cargos vagos", afirma o executivo.

Sobre postergação de investimentos, Furlan disse que ainda não tem conhecimento da situação atual da empresa e que terá hoje informações sobre o assunto. "Desculpo-me porque voltei hoje. Ainda vou me inteirar sobre a situação. Mas temos muitos projetos que já estão para serem inaugurados, como plantas em Lucas do Rio Verde, e que não sofrerão, portanto, nenhum retrocesso. Neste momento, não há mudanças a anunciar", afirma Furlan.
Ele antecipou, no entanto, que a empresa deve entrar em uma forte contenção de gastos para se readequar. "Abortamos, por exemplo, a nossa mudança para os escritórios da Marginal Pinheiros. Vamos continuar na Vila Anastácio procurando fazer contenções de gastos até que a empresa volte à normalidade", diz Furlan.

Carreira
Luiz Fernando Furlan esteve na Sadia por 29 anos, onde ocupou diversos cargos executivos, entre eles o de secretário e membro do Conselho de Administração, diretor de Relações com Investidores, Vice-Presidente Executivo e Presidente do Conselho de Administração. Em dezembro de 2002, deixou a empresa, para assumir, em 2003, o cargo de titular do MDIC, onde ficou até 29 de março do ano passado.
Walter Fontana Filho iniciou sua carreira na Sadia em 1972 e ocupou, entre outros cargos, o de presidente executivo. Eleito Presidente do Conselho, Walter Fontana Filho definiu a Rússia e o Oriente Médio como focos para a internacionalização da companhia. Esteve à frente de decisões na aquisição da Goiaves (GO), Big Foods (SP), Excelsior (RS) e BK Poultry (Holanda).

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