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Ganhos e custos da produção de soja devem empatar em MS

O incremento de renda previsto à agricultura deve significar apenas um "empate técnico" entre os custos e ganhos da produção


O período crítico da agricultura brasileira está chegando ao fim, segundo estimativas da RC Consultores, divulgadas nessa terça-feira (09-01) pelo Estadão. De acordo com a consultoria, ainda que o crescimento da safra nacional seja tímido em volume, a receita com a produção dos grãos da safra 2006/2007 deve somar R$ 56,1 bilhões (+22,7% ante a receita de 2006); ou seja, R$ 10 bilhões adicionais no bolso dos agricultores brasileiros, depois de dois anos de achatamento na renda e descapitalização.

Para a RC Consultores, neste ano, a agricultura brasileira deve ser favorecida com a tendência de alta nos preços do milho e da soja no mercado internacional, decorrente, entre outros fatores, do programa de produção de álcool a partir de milho nos Estados Unidos. Notícia veiculada nessa terça-feira pelo Estadão revela que os agricultores dos EUA vão reduzir a área plantada de soja e destinar volume maior de milho para produção do álcool, o que causa impactos diretos nos preços do milho e da soja, favorecendo produtores de outros mercados, como os brasileiros.

Apesar da análise otimista dos consultores sobre o cenário nacional, na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas de Mato Grosso do Sul (Aprossul), Carmélio Romano Roos, o incremento de renda previsto à agricultura brasileira deve significar apenas um "empate técnico" entre os custos e ganhos da produção de soja nesta safra em Mato Grosso do Sul.

Carmélio confirma que a sinalização é de uma safra com melhor produtividade neste ano e preços um pouco superiores aos praticados no ano passado. No entanto, ele argumenta que nas últimas duas safras os sojicultores de MS acumularam perdas, que somam quase R$ 700 reais por hectare e que não serão recuperadas neste ano. "Nessa safra deveremos ter ganhos praticamente empatando com os gastos, o que já é um grande alívio aos produtores diante do prejuízo que enfrentamos nos últimos anos. Mas, ainda é cedo para falar em recuperação, uma vez que não deveremos ter lucros, neste ano, suficientes para quitar as dívidas acumuladas", explicou.

Para o presidente da Aprossul, até o ano passado, a sojicultura do Estado enfrentava um cenário de retração sem a sinalização de melhora em curto prazo. Neste ano, segundo ele, a curva se inverteu e há sinalização de retomada do ciclo de ascendência do setor em função do crescimento anual da demanda por soja, estimado em 5%, e da alta nos preços dos grãos (soja e milho) em virtude do posicionamento americano de produzir álcool a partir do milho.

Questionado sobre as cotações da saca da soja no mercado interno, que recentemente chegaram a ultrapassar R$ 30,00, Carmélio afirma que dificilmente os atuais valores vão se manter no decorrer da safra; o que justifica, segundo ele, a afirmação de que os ganhos vão empatar com os custos. "Caso não tenhamos problemas com a produtividade, deveremos ficar no zero a zero nesta safra", disse. Carmélio estima que, na média, cada hectare com soja proporcione receita de mil reais ao produtor, enquanto que o custo para plantar um hectare girou em torno deste mesmo valor.

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