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Gestão profissional nas lavouras do café

Cafeicultores do Norte Pioneiro participam de curso para ter uma visão mais empresarial do negócio


Cafeicultores do Norte Pioneiro participam de curso de gestão para ter uma visão mais empresarial do negócio no campo; iniciativa é inédita

O café especial produzido no Norte Pioneiro do Paraná tem conquistado consumidores pelo Brasil e mundo afora. E para não perder as oportunidades do mercado, produtores locais buscam aprofundar seus conhecimentos, adotar boas práticas agrícolas e tornar a atividade cada vez mais profissional. A novidade, agora, é que 18 agricultores estão participando do Projeto Gestão de Empreendimentos Rurais, que tem por objetivo desenvolver uma visão empresarial mais aguçada de todo o processo produtivo.

A ideia desses produtores, todos vinculados à Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), é garantir a sobrevivência sustentável no competitivo ambiente do agronegócio do café. Durante oito meses, eles participarão de um processo intenso de capacitação em gestão rural e adoção de novos processos e controles.

As aulas do projeto tiveram início no primeiro final de semana de agosto. O curso é uma parceria da Acenpp, Sebrae-PR e Senar-PR e está composto por módulos que abordam gestão rural, qualidade, mercado e comercialização, manejo e outros treinamentos técnicos. Ao final de cada fase, os participantes receberão consultorias individualizadas e o acompanhamento técnico de especialistas.

"A ideia é que o produtor deixe de chamar sua propriedade de fazenda para chamar de empresa", pontua Luiz Fernando de Andrade Leite, produtor e presidente da Acennp. Segundo ele, a entidade tem trabalhado junto aos produtores em diversas frentes do agronegócio, mas era evidente a deficiência de muitos deles para gerir e administrar a propriedade. "Estamos buscando a profissionalização do produtor. E isso é um caminho sem volta", garante Leite.

Conquistar essa capacidade de gerir a propriedade, acrescenta ele, agrega valor ao negócio já que o produtor vai buscar atuar com mais eficiência. E, nesse momento em que muitos deles se preparam para obter o selo UTZ Certified, o projeto tem se mostrado fundamental. "Este selo está bastante voltado para a eficiência da gestão, planejamento dos negócios, cuidados ambientais, controle de defensivo agrícola, por exemplo. Eu acredito que o curso vai proporcionar uma mudança de visão e comportamento", frisa o presidente da Acenpp.

O consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do Programa Cafés Especiais, Odemir Capello, acredita que os produtores vão aprender a controlar melhor as operações e custos da produção, obtendo subsídios para tomadas de decisões. Até o final do ano, acrescenta Capello, a meta é que três propriedades já estejam certificadas com o selo UTZ Certified. Segundo o consultor, outra proposta do projeto é fornecer bases técnicas para que os cafeicultores possam constituir uma cooperativa futuramente.

A coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andréia Claudino, mostra a relevância de se aliar capacitação a consultorias e observa que a duração do projeto dá, aos cafeicultores, o tempo necessário para mudarem rotinas, normas e procedimentos internos. "Ao final de cada módulo, os participantes se comprometem a cumprir tarefas. Na primeira fase, por exemplo, deverão realizar um inventário completo de suas propriedades. Essas atividades práticas geram dúvidas, então a consultoria é essencial para não causar desmotivação".

Andréia observa que esse é um projeto pioneiro. A estratégia adotada pelo Sebrae/PR neste progama de cafés especiais deverá se estender para as outras cadeias produtivas atendidas pela entidade no Estado.

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O supervisor regional do Sebrae em Santo Antônio da Platina, Aislan Lucas de Oliveira Macedo, observa que o projeto é amplo porque tem por objetivo tornar a propriedade adequada para exportação. "É preciso produzir com qualidade, sem esquecer as viabilidades econômicas. Além das ações voltadas para os gestores, como um módulo de empreendedorismo, o projeto vai abranger a mão de obra. ""As ações com os que trabalham nas propriedades serão contínuas e vão envolver desde o plantio até a colheita", destaca Macedo.

Ele acrescenta que esse projeto com os produtores de café vai de encontro com a proposta estadual do Senar de profissionalizar toda a família rural e trabalhar a gestão, que é o que diferencia o negócio.

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