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Goiás importa soja para produção de biodiesel

Segundo Paulo Donato, a importação de soja, que já é grande, vai aumentar ainda mais


Falta soja no mercado goiano. A situação piorou ainda mais com o início da produção efetiva de biodiesel no Estado. Indústrias do setor, como a Granol, trabalham com 50% da capacidade de esmagamento do grão por falta da matéria-prima. A exportação de 2,4 milhões de toneladas para outros países e a redução da área plantada são os principais motivos dessa escassez. Houve uma diminuição de 2.663 milhões de hectares em 2005 para 2.494 milhões em 2006 da área plantada. E a projeção da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) é de que na safra de 2007 reduza mais 13,91%.

Neste cenário, as indústrias precisam buscar o grão em outras regiões para produzir o combustível. Atualmente importam da Bahia, Mato Grosso e Tocantins, consideradas os maiores produtores do País. O maior interesse dos agricultores do Estado na produção de cana-de-açúcar também preocupa o setor.

Com receio de que a economia goiana se torne monocultura, o governo pretende tomar providências. Segundo o secretário da Indústria e Comércio, Ridoval Chiareloto, a Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente estuda uma espécie de plano de zoneamento para a expansão das áreas destinadas ao plantio da cana. Assim como fez o prefeito de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha, que restringiu no último dia 13 a área de plantio para cana-de-açúcar em apenas 10% de todo o espaço destinado à agricultura, ou seja, 50 mil hectares, o secretário assegura que o Estado está atento ao movimento crescente da cana.

A falta de soja casada com o crescimento da produção de cana preocupa empresas de outros setores também como a Perdigão, que teme ficar sem matéria-prima como soja e outros grãos. Representantes da empresa apresentaram esta semana um plano de crescimento que prevê aumento da demanda de soja, milho e sorgo no mercado nos próximos cinco anos.

O gerente da filial da Granol, em Anápolis, Paulo Donato, explica que a empresa gastou R$ 100 milhões para ampliar suas instalações e construir a fábrica de produção de biodiesel na cidade. Agora está pronta para esmagar três mil toneladas de soja por dia, mas trabalha com menos da metade da capacidade. “Esmagamos somente de 1,2 mil à 1,5 mil toneladas por dia, mas hoje (terça-feira) a fábrica está parada por falta de soja”, lamenta.

Segundo Paulo Donato, a importação de soja, que já é grande, vai aumentar ainda mais. “Compramos 53 mil toneladas de fora, mas devemos passar para 60 mil toneladas em breve”, explica. A empresa vende o combustível para a Petrobras. A Granol irá completar 40 anos no mercado e se firma como um dos mais respeitáveis complexos de agronegócios genuinamente brasileiro.

A Caramuru, outra empresa instalada em Goiás que trabalha na transformação de soja em biodiesel, vai receber R$ 42,8 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir na construção de uma unidade de produção do combustível. A fábrica terá capacidade para produzir 100 mil toneladas de biodiesel por ano e será construída ao lado das instalações da processadora de soja da Caramuru, em São Simão.

A empresa não confirma se atualmente importa soja ou não porque está em fase de negociação com o BNDES para um financiamento da planta de usina do biodiesel no Estado. O silêncio é para evitar maiores problemas comerciais nas transações.

O financiamento vem de encontro aos objetivos do governo federal de incentivar a produção do biocombustível e fazer do País uma matriz energética diversificada. A iniciativa vai fomentar a geração de emprego e renda, além de reduzir as importações de diesel.

EMPREGOS – Com a produção de biocombustível como um todo, ou seja, biodiesel e álcool etanol, Goiás pretende gerar 600 mil novos empregos e dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) até 2010, que, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secomex), está estimado em R$ 40 bilhões em 2006. Além da Caramuru e Granol, outras cinco empresas pretendem investir na produção de biodiesel nos próximos dois anos em Goiás. E precisam da matéria-prima para o consumo industrial. Ao todo serão destinados R$ 226,242 milhões.

A produção goiana de soja na safra deste ano foi de mais de 6 milhões de toneladas. Segundo o presidente da Faeg, Macel Caixeta, o Estado teria condições de dobrar sua produção, mas precisa de parceria com o setor privado. De acordo com ele, os produtores que antes vendiam o produto antecipado, hoje não têm mais essa garantia porque as indústrias deixaram de fechar contratos de compra antecipadamente. “O produtor está desmotivado e preocupado”, afirma. Segundo ele, Goiás já chegou a produzir até 7,2 toneladas do grão. A falta de estímulo fez o preço cair 32% em média.

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