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Goiás instala mais barreiras contra soja transgênica


Certeza, por enquanto, só a de que vão surgir 270 hectares plantados com a nova variedade em Rio Verde e Jataí, no Estado de Goiás. Até o momento, apenas dois produtores de soja goianos confirmaram sua adesão ao Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta (TAC), uma exigência da Medida Provisória que condicionou o plantio da soja transgênica à assinatura do documento.

O prazo para referendar o documento foi prorrogado pelo governo federal do último dia 24 para o dia 09 de dezembro. Até lá, segundo a Delegacia Federal de Agricultura de Goiás (DFA-GO), há a expectativa de que outros produtores venham a aderir ao TAC, embora, obviamente, inexistam dados oficiais a respeito.

Um dos produtores que subscreveram o documento , de acordo com o agrônomo Fernando Eberhardt, fiscal do Ministério da Agricultura em Goiás, vai cultivar 220 hectares em Rio Verde, utilizando 18 toneladas de sementes de soja geneticamente modificadas.

Três toneladas de sementes

O segundo declarou intenção de plantar 50 hectares em Jataí, com uso de três toneladas de sementes transgênicas. A representação goiana do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento prefere manter os nomes dos produtores sob sigilo, pelo menos neste momento.

Ainda não é possível afirmar que aquelas sementes foram efetivamente cultivadas em Goiás na safra 2002/03 ou adquiridas em outras regiões ou países. A hipótese mais provável é a de que os dois produtores tenham reservado parte de sua área de plantio para explorar a soja transgênica.

Em parceria com a Agência Rural, subordinada à Secretaria de Agricultura de Goiás, a DFA-GO pretende fiscalizar in loco aquelas e outras lavouras suspeitas da exploração de soja transgênica. "Vamos realizar incursões aleatórias até depois de encerrado o plantio para averiguar a existência de lavouras transgênicas", antecipa Eberhardt.

Um mês de vigilância

O diretor de Defesa Agropecuária da Agência Rural, Hygino Felipe de Carvalho, informa que as equipes de fiscalização do órgão já estão em campo desde o último dia 30 para evitar a entrada de grãos geneticamente modificados no Estado. "Faremos uma fiscalização rigorosa e estaremos atentos a todas as regiões de fronteira, com especial atenção para as áreas próximas à divisa com a Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul", comenta Carvalho.

Dezoito barreiras

Divididos em grupos de três pessoas e turnos de 10 dias, os fiscais estarão de vigília durante 24 horas por dia em 18 barreiras fixas, implantadas nas áreas de fronteira. Outros cinco postos volantes vão percorrer as principais regiões produtoras do estado para fiscalizar o trânsito de grãos transgênicos e impedir a sua desova em território goiano. "As equipes estão aparelhadas com kits que permitem o teste quase instantâneo da soja", prossegue Carvalho.

Nas últimas semanas, chegaram a circular rumores no mercado dando conta de que 2% a 3% da produção de soja do estado na safra recém-colhida teriam origem em sementes alteradas em laboratório. Há suspeitas não confirmadas de plantio de soja transgênica em Cristalina, na região do Entorno do Distrito Federal, e em outras áreas do sudoeste do Estado, onde está concentrada a maior produção de grãos de Goiás.

"Não há levantamentos e nem números oficiais que autorizem qualquer estimativa sobre o assunto", antecipa-se Eberhardt. Assessor econômico da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), o economista Pedro Arantes também acredita que qualquer número que venha a ser citado, neste momento, seria "um chute".

Pesquisa tem 15 anos

"Goiás está cumprindo a legislação e fiscalizando as principais vias de entrada no estado", disse Arantes. A seu ver, seria "loucura trazer sementes transgênicas de outros estados", a esta altura. A pesquisa agrícola, recorda-se Arantes, "levou 15 anos para produzir variedades de soja adaptadas ao clima e ao solo da região Centro-Oeste", indicando que as sementes transgênicas utilizadas no País correm o risco de não trazer bons resultados para os produtores goianos. "Além disso, corremos o risco de importar doenças e contaminar os plantios convencionais", acrescenta.

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