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Governo argentino cria entidade para defesa do agronegócio

A entidade vai defender as medidas oficiais para o setor


Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lançou, durante a semana passada, a Corrente Agropecuária Nacional e Popular (Canpo), formada por técnicos, agricultores e pecuaristas kirchneristas. A entidade vai defender as medidas oficiais para o setor e tentar diluir a longa briga que as quatro principais associações ruralistas travam com a Casa Rosada. A ideia de criar uma instituição ruralista ligada ao governo visa a seduzir os pequenos e médios produtores e dividir o movimento ruralista. O lançamento do grupo estava previsto para outubro passado, mas com a morte de seu criador, o ex-presidente Néstor Kirchner, no mesmo mês, o evento foi cancelado.


Os integrantes da entidade vão entregar um documento à presidente com uma radiografia do setor, o diagnóstico dos problemas e uma série de propostas para saná-los. Nas mais de 300 páginas, uma das propostas principais é a criação de uma agência estatal para comercializar grãos e derivados, o que vem provocando muita polêmica entre os produtores.

A organização também propõe maior participação das cooperativas na exportação de grãos. Um dos patrocinadores da corrente é o ministro de Agricultura, Julián Domínguez, cuja foto tem aparecido em cartazes de campanha política espalhados por Buenos Aires nos últimos dias.

A propaganda apenas insinua que o ministro será candidato, mas não indica a que cargo. Entre os ruralistas, a especulação é de que Domínguez seria candidato a vice-governador da província de Buenos Aires, na chapa liderada pelo governador Daniel Scioli, que tenta a reeleição. O ministro aproveita o bom momento da safra agrícola de 2010/11, que poderia superar 100 milhões de toneladas, conforme cálculos de seu ministério, e os elevados preços dos alimentos, que garantem ao governo uma arrecadação de cerca de US$ 3 bilhões com os impostos cobrados pelas exportações.


O governo da Argentina pode ressuscitar um imposto polêmico sobre a exportação de grãos. A medida teria o potencial de aumentar as tensões com os produtores rurais, no país que é um dos principais fornecedores de grãos do mundo.

Um plano para aumentar impostos sobre a exportação de soja em 2008 provocou protestos em todo o país. As manifestações afetaram mercados globais de commodities e a popularidade da presidente Cristina Kirchner, que planeja se reeleger em outubro. Além da taxação, o governo planeja outras medidas para elevar a intervenção sobre o comércio de grãos.

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