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Governo destinará R$ 13 bilhões para o campo


O governo pretende antecipar o anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2005/06 e frear o crescimento dos recursos destinados a investimentos. Na safra atual, foram alocados R$ 10,7 bilhões para o agronegócio aplicar, volume 85% superior ao do período 2003/04. A previsão é que o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprove em abril os programas destinados a investimentos, aumentando em até 20% o valor disponível, que chegaria a R$ 13 bilhões. Se o crescimento for proporcional ao de todo o Plano Safra, a agricultura terá R$ 55 bilhões na próxima safra. Em 2004/05 foram destinados R$ 46,5 bilhões.

Do total disponível na safra atual, R$ 39,45 bilhões foram destinados à agricultura comercial e o restante, à familiar. No entanto, até o momento, cerca de R$ 22,5 bilhões foram aplicados pelo agronegócio. Apenas 57% foram gastos porque a procura pelo crédito para investimento está menor. Dos R$ 10,7 bilhões liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), somente R$ 3,5 bilhões chegaram aos bolsos do produtor. Outros R$ 19 bilhões, para custeio, foram emprestados pelo Banco do Brasil (BB).

"Acumulando prejuízos, o produtor não vai mais realizar investimentos", avalia Carlos Sperotto, vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, diante da crise pela qual passa o setor, com custos em alta e preços em baixa, ainda não é possível avaliar quanto os produtores vão precisar para o próximo plantio. "Vai depender muito de como será a comercialização da safra", argumenta.

Mudanças

"É em ano de crise que o recurso se faz necessário", avalia Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Apesar disso, ele prevê que, com a menor utilização dos recursos para investimento neste ano, o governo vai diminuir a participação deste segmento no crédito total. Além da antecipação do anúncio e da criação de uma nova linha destinada à agroindústria, o novo Plano não deverá ter muitas mudanças. "Não vejo muito o que mudar, apenas ajustes a fazer", avalia Wedekin.

Segundo ele, ao contrário do ano passado, quando o governo realizou 15 encontros com o setor para planejar a safra, agora as reuniões serão em menor número. "Queremos dar mais tempo para discutir os novos títulos agropecuários", afirma. A proposta do governo é se reunir com o setor para planejar a safra a partir de fevereiro, encerrando o Plano em maio, quando será levado à apreciação pelo CMN.

Os programas de investimento, no entanto, serão avaliados pelo Conselho um mês antes. Para Wedekin, a antecipação se faz necessária porque na safra atual o CMN aprovou os programas do BNDES junto com o anúncio do Plano, em junho. Com problemas burocráticos e a greve dos bancários, os recursos demoraram 55 dias para serem liberados. Na safra anterior, o prazo havia sido de 28 dias. É por isso que Wedekin não acredita que todo o valor disponível - R$ 10,7 bilhões - será aplicado até junho, quando termina a safra atual. "Além de todos esses problemas, há a situação do agronegócio, que vive uma crise com os preços baixos das commodities, reduzindo os investimentos", diz.

De acordo com o secretário, uma das linhas mais afetadas com esse problema foi o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), que tinha R$ 5,5 bilhões disponíveis. Ele não acredita que todo o recurso será utilizado e, por isso, na próxima safra, o programa não deverá ter o mesmo valor alocado. Reflexo disso já foi sentido em 2004 quando, pela primeira vez desde que o programa foi criado em 2000, as vendas de máquinas agrícola caíram 0,6%, totalizando 37,7 mil unidades. Para 2005, a previsão é pessimista: diminuição do mercado de 10,5%.

Apesar disso, o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Pérsio Pastre, acredita que o volume de recursos destinado deve se manter igual ou, no máximo, até 25% superior. "A agricultura não vai parar de crescer e, para toda a frota ser modernizada, vamos precisar de mais três ou quatro anos", conclui.

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