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Governo federal anuncia medidas de apoio ao setor cafeeiro


(28/11/2003 - Coffee Break) -O governo federal concedeu ao setor cafeeiro um prazo de espera de até 60 dias para as dívidas vencidas ou a vencer até dezembro deste ano, no valor estimado de 189 milhões de reais. Essa medida não ampara os financiamentos da colheita e estocagem da safra 2002/03, pois as normas operacionais vigentes já contemplam a possibilidade de transformação da colheita em estocagem. O Ministério da Agricultura estará propondo ao CMN (Conselho Monetário Nacional) um programa de reordenamento das dívidas da cafeicultura, contemplando a prorrogação, até 30 de maio do próximo ano, dos 189 milhões de reais alongados. Deverá ser proposta ainda a prorrogação por 18 meses das dívidas de estocagem da safra 2000/01 e 2001/02 (resolução 3.048/02), no montante de 419 milhões de reais. Serão destinados ainda recursos no valor de 681 milhões de reais do orçamento do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), a serem aplicados em 2004, para financiar a comercialização e a estocagem de pelo menos 4,5 milhões de sacas de café, com vencimento a ser realizado em 2005.

Oferta mundial — A consultoria alemã F.O. Licht divulgou um levantamento sobre a oferta internacional de café. Apesar de mostrar uma retração no volume disponível, a Licht não dá demonstração de que o cenário atual terá chances de mudanças. O relatório dispõe que a produção mundial de 2003/04 deverá declinar para 102,43 milhões de sacas, contra 120,293 milhões de sacas da temporada anterior. Desse volume, 63,041 milhões seriam de arábica e 39,389 milhões de sacas de robusta. Segundo a empresa, o Brasil teve uma colheita de 30 milhões de sacas em 2003/04, sendo seguido pela Colômbia com 11,700 milhões de sacas e pelo Vietnã, com 11,667 milhões de sacas. Para a Licht, em 2004/05, o Brasil deverá registrar uma produção entre 40 e 45 milhões de sacas. A consultoria destacou que, mesmo com a retração da oferta em 2003/04 e com o provável recuo dos estoques mundiais, os preços não deverão registrar oscilações positivas significativas.

Consumo — Um aumento do consumo mundial de café será realidade quando os produtores melhorarem a qualidade do grão e diversificarem a oferta. A opinião é do presidente da SCAA (Associação Americana de Cafés Especiais), Ted Lingle, emitida durante a Sintercafé, encerrada na quarta-feira, em San José, Costa Rica. Para o dirigente, é imprescindível que o produtor considere que o atual consumidor busca produtos variados e de qualidade, não importando que o seu custo seja maior. "As pessoas não tomam café pelo seu valor nutricional, mais pelo prazer que ele oferece. Por isso, nossos produtos devem atender a esse anseio", sustentou. Para Lingle, outra atitude importante é o desenvolvimento de estudos de mercado, visando conhecer interesses e gostos potenciais dos consumidores. "Isso permite que tenhamos uma xícara com um sabor que seja próximo do estilo de vida de cada cliente", sustentou.

Projeção — O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos apontou que a produção da Colômbia atingiu a marca de 11,7 milhões de sacas na safra 2002/03, encerrada no último mês de setembro. Segundo o órgão governamental, o clima favorável foi um dos fatores positivos no período. Para 2003/04, o Departamento aferiu que o país sul-americano terá uma produção de 11,8 milhões de sacas, sendo que as exportações deverão atingir a marca de 10,5 milhões de sacas, mesmo volume verificado na safra passada.

Na África — O embaixador da Argélia em Uganda, Belaid Hadjem, afirmou que o país norte-africano tem intenção de ampliar as aquisições de cafés ugandenses. De acordo com Hadjem, a Argélia é um país que possui um consumo relevante do grão e que pode estender os laços comerciais para uma maior compra do produto com Uganda. O embaixador ressaltou que encontros bilaterais de comércio podem ser efetuados em breve. Além do café, autoridades argelinas também gostariam de importar algodão e frutas tropicais de Uganda.

Torrado e moído — As vendas de café torrado e moído aumentaram 2,78% em outubro em relação a setembro, mas a expectativa de bons negócios futuros entre os industriais do setor diminuiu de 35% para 19%. A grande maioria dos industriais (56%), porém, acredita que em novembro a indústria vai repetir o desempenho do mês anterior. As informações são da pesquisa "Sondagem Conjuntural da Indústria de Café. Segundo o diretor de pesquisas e informações da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Natal Martins, a pesquisa foi criada recentemente pela área da qual o dirigente é responsável para medir as vendas setoriais da indústria do setor e as expectativas dos industriais quanto aos negócios. Foram pesquisadas 36 empresas do Rio de Janeiro, interior de São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Cooperação — O diretor do departamento de cooperativismo e associativismo rural do Ministério da Agricultura, José Roberto Ricken, iniciou entendimentos para a retomada dos intercâmbios técnicos bilaterais entre as cooperativas de Brasil e Colômbia na área do café a partir de 2004. Ricken tratou, durante encontro com o embaixador da Colômbia no Brasil, Jorge Garavito, da revitalização do Programa de Cooperação Técnica entre Cooperativas Brasil-Colômbia que, entre 1988 e 1995, desenvolveu várias ações na área do café com reflexos econômicos, sociais e políticos para ambos os países. “Até 1995, a cooperação Brasil-Colômbia beneficiou 156 pessoas, entre executivos, técnicos e produtores numa plena troca de experiências bem sucedidas”, disse Ricken, que foi acompanhado na audiência pelos coordenadores do departamento, Agamenon Leite Coutinho (programas e projetos especiais) e Aura Domingos Pereira (cooperação internacional). O primeiro passo para a volta do intercâmbio será um contato com a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia ainda neste ano. O embaixador Jorge Garavito apoiou a proposta do departamento e afirmou que seu país também tem interesse em ampliar o trabalho para as cooperativas da área de cana-de-açúcar. Em setembro, o ministro Roberto Rodrigues discutiu, durante o encontro da Organização Internacional do Café, na cidade colombiana de Cartagena, algumas estratégias para o aumento do consumo do produto e formas para a superação da atual crise do setor. Entre elas, está o intercâmbio de informações e experiências entre cooperativas.


Em destaque

* A torrefadora Illycaffè divulgou a relação dos 50 finalistas do décimo terceiro Prêmio Brasil de Qualidade do Café para “Espresso”. Neste ano o prêmio bateu novo recorde de inscrições, com 914 amostras concorrendo. Os finalistas desta edição do concurso são da Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. É a primeira vez que o Estado de Goiás tem um representante entre os 50 mais bem classificados.

* A Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, divulgou a receita de embarques de café, na semana de 17 a 23 de novembro. De acordo com o órgão, no período, as remessas da atingiram 7,476 milhões de dólares FOB. Na semana anterior, as exportações haviam gerado 7,429 milhões de dólares, contra 6,565 milhões de dólares da primeira semana de novembro. A média diária de novembro, com esses números, chega a 7,157 milhões de dólares, 8,1% a menos que o observado no mesmo período do ano passado — 7,788 milhões de dólares.

Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)

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