Os secretários catarinenses da Articulação Internacional, Roberto Colin e da Agricultura e Política Rural, Moacir Sopelsa, viajam a Moscou no próximo dia 12 para negociar com o governo russo o fim do embargo à importação de carne suína catarinense. Também devem integrar a comitiva representantes do sistema cooperativo e empresários catarinenses, informou o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira. No dia 13, os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, viajam ao país europeu para se juntar à comitiva catarinense.
A medida foi adotada pelas autoridades russas sob a alegação de que o rebanho catarinense tem altos índices de infecção pelo vírus Aujeszky. O prejuízo estimado pelo setor é de US$ 50 milhões mensais. A Rússia é o maior importador da carne catarinense. No ano passado, as compras totalizaram US$ 180 milhões.
O vírus foi detectado em 37 mil animais, o que corresponde a 1,5% do total do rebanho catarinense. Destes, 90% foram abatidos. Segundo o governo do estado, o vírus Aujeszky está praticamente erradicado do rebanho suíno, as granjas estão sob controle e até o dia 17 de janeiro todos os focos do vírus estarão eliminados.
O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Paulo Tramontini, diz que a doença existe há 60 anos no Brasil e atinge menos de 1% do rebanho catarinense. `O vírus não traz prejuízos à qualidade da carne ou à saúde humana e manifesta-se em todos os países, grandes produtores de suínos, por isso não haveria razão para a atitude dos russos`, afirma.
Segundo ele, Santa Catarina desenvolve um programa de erradicação do Aujeszky desde o final de 2000. Seu término, previsto para março deste ano, será antecipado em janeiro. `Sempre fomos rigorosos na área sanitária. Tivemos sucesso na erradicação da febre suína clássica e africana e na febre aftosa`, acrescenta. Tramontini diz que o vírus foi introduzido no Brasil por reprodutores europeus.
Dentre os principais sintomas, o vírus Aujeszky afeta o sistema nervoso, respiratório e reprodutivo e ataca principalmente leitões e fêmeas em lactação e gestação. Causa falta de apetite, baixo ganho de peso, dificuldade em respirar e morte dos fetos. Os animais devem ser abatidos, mas sua carne pode ser consumida. O vírus se espalha rapidamente pelo contato nasal entre os animais.
O secretário geral da Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, afirma que a situação vai piorar ainda mais a crise da suinocultura, agravada a partir de maio do ano passado. Em 2002 os preços pagos ao produtor chegaram a R$ 1,12 o quilo do suíno vivo contra uma média de R$ 1,35 pago em 2001.