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Governo vai trazer milho argentino para o Nordeste


Devido ao caráter emergencial, uma portaria autorizará a compra do insumo sem licitação

Devido a problemas de infraestrutura e logística, o governo federal vai importar milho, mesmo mais caro, da Argentina para abastecer o Nordeste e evitar a morte em massa de mais rebanhos castigados pela seca. A decisão foi tomada na quarta-feira (3 de abril) no Planalto depois da audiência realizada na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) presidida pelo senador Inácio Arruda.


Segundo ele, foram avaliadas várias hipóteses para viabilizar o cumprimento da promessa feita pela presidente Dilma Roussef, em visita ao Ceará na última terça-feira (2), de enviar 340 mil toneladas para do grão para atender a demanda da região nos meses de abril e maio.

"O próprio Ministério da Agricultura chegou a conclusão que só nos resta esta alternativa, pois mesmo promovendo leilões para contratar o frete de caminhões, as empresas não estariam interessadas nesse momento em transportar milho para o Nordeste. Isso porque elas estão agora transportando soja e depois será a vez do açúcar. Ou seja, não é a hora do milho", conclui o senador.

Ele explica que, embora haja bastante milho disponível em Goiás, Mato Grosso e Rondônia, não tem como o produto ser exportado para o Nordeste e defende a importação da Argentina. "Não vejo problema em importar milho de um país membro do Mercosul. Além disso, se perdemos no valor do grão, ganhamos no custo do transporte", diz.

Sem licitação

Devido ao caráter emergencial do problema, está sendo aguardada a qualquer momento uma portaria autorizando a compra do milho argentino sem o cumprimento de licitação. "Se o governo for licitar o frete de compra, essa questão só se resolveria em torno de junho. E aí o resto do gado já teria morrido ou sido vendido para outras regiões a preço vil", argumenta.


Falta logística

Conforme divulgado no Jornal do Senado, durante a audiência na CDR, o representante do Ministério da Agricultura, José Maria dos Anjos, admitiu problemas regionais de abastecimento, apesar de não faltar milho, lembrando que a produção do País superou 70 milhões de toneladas na safra de 2011-2012 .

Depois de confirmar o diagnóstico, o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho, afirmou que o desafio é fazer o produto chegar ao Nordeste, em razão de problemas de infraestrutura e logística. "O que falta não é milho, é logística, que no Brasil é zero, é sucata", frisa.

Além de apontar a inviabilidade da alternativa rodoviária, os participantes reconheceram a dificuldade dos portos do Sul e Sudeste devido as operações de exportação da soja.

Inácio Arruda cobrou agilidade das obras de infraestrutura, como a ligação das ferrovias Transnordestina e Norte Sul. "Precisamos ter diversidade de modais, senão ficaremos eternamente prisioneiros de uma única modalidade: o rodoviário".

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