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Grandes frigoríficos estão expulsando os pequenos do mercado

Nesta semana, o Bertin pode anunciar a compra de quatro unidades, no Paraná e no Pará


Os grandes frigoríficos estão "expulsando" os pequenos do mercado. Estimativas do setor mostram que, desde o início do ano, as quatro maiores empresas avançaram 1,2 ponto percentual no total de abates do País com as aquisições realizadas. Nesta semana, o Bertin pode anunciar a compra de quatro unidades, no Paraná e no Pará. Segundo analistas, a venda de plantas das duas empresas - Margen e Redenção - foi impulsionada pela chegada dos grandes às regiões. Corretores apostam em novas aquisições dos principais frigoríficos exportadores do Brasil, sobretudo em Mato Grosso, Rondônia e Pará.

"Vai ficando apertado para todo mundo", diz João Nogueira, dono do Redenção - que ofereceu três plantas ao Bertin, com capacidade total de 2,5 mil abates por dia, por R$ 180 milhões. Segundo ele, a entrada do grupo no estado, no ano passado, favoreceu a negociação. Um corretor de Paranavaí (PR) diz que a chegada do Friboi à Maringá, a 300 quilômetros daquela cidade, também teria influenciado na decisão do Bertin querer a planta do Margen.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Paranavaí, Mauro Alexandre Campos, confirmou as negociações entre o Margen e o Bertin. O abate da unidade funcionou até quinta-feira. Ontem, o frigorífico estava fechado, com a diretoria regional reunida. A planta tem capacidade abate de 900 bois diariamente. A empresa foi muito afetada pela queda de vendas, decorrentes dos focos de aftosa descobertos no Paraná no final de 2005 e havia, segundo o secretário, a expectativa de que fechasse as portas. Gustavo Fanaya, chefe do Departamento Econômico do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarnes), diz que as plantas no estado estão com capacidade ociosa de 30% a 40% por causa do fechamento das exportações devido ao foco da doença.

Segundo ele, muitas unidades estão fechadas e outras em reforma, o que poderia indicar possíveis negociações. "Tem gente que prefere vender a enfrentar um concorrente forte", afirma.O diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, diz que há dificuldade dos pequenos sobreviverem porque os exportadores têm investido em diversificação. "As margens são pequenas", afirma Paulo Molinari, da Safras & Mercado. O analista da Scot Consultoria, Fabiano Rosa, acrescenta que, como a situação dos pequenos não é boa e os grandes procuram plantas para expandir a produção de olho no mercado externo, este é o momento de se fazer negócios. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Bertin informou que "as negociações são especulação de mercado".

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